Alisha Boe, Brandon Flynn e Christian Navarro comentam sobre o desenvolvimento e impacto de “13 Reasons Why”

Durante a CCXP Tour nosso veículo teve a oportunidade de participar da coletiva de imprensa com o elenco de algumas séries da Netflix, começando por 13 Reasons Why. Confira tudo que rolou com a ilustre presença de Alisha Boe (Jessica), Brandon Flynn (Justin) e Christian Navarro (Tony).

Brandon começou falando sobre a presença de Jay Asher (autor do livro) nos sets e como a relação dele com o escritor era positiva, de forma que os atores possuíam total liberdade criativa para moldar a obra da melhor forma. Outro fator que chamou a atenção dele foi a complexabilidade dos personagens “Hannah tinha os seus 13 porquês, mas se você olhar a fundo perceberá que todos os outros também tinham seus 13 porquês para serem como são”, afirmou Brandon.

Em seguida Alisha Boe aproveitou para comentar sobre o seu primeiro contato com o livro e com as filmagens.

“Eu li a história pela primeira vez durante o ensino fundamental e minhas primeiras impressões foram muito chocantes, a história realmente me tocou, e quando eu fui para a Califórnia realizar a audição eu estava super animada. Quando finalmente começamos o projeto eu fiquei ainda mais empolgada pois no livro a história era mais focada em Clay e Hannah enquanto aqui teríamos espaço para trabalhar o lado de Jessica e mostrar como ela passou por toda essa experiência, da forma negativa e positiva, então foi muito interessante conversar e desenvolver isso junto de “Brian” (criador) e também com Brandon, construindo a relação entre Jessica e Justin”.

Como foi interpretar a Jessica?

Alisha: Foi muito interessante, eu realmente adorei as partes dos flashbacks pois eu podia explorar as melhores partes de Jessica, quando ela era inocente. Como atriz foi muito intenso mergulhar no lado sombrio da personagem, foi muito incrível para mim.

Lendo o roteiro, qual foi o nível de representatividade que o texto trouxe para vocês? Vocês acham que foi o mesmo para os fãs? 

Brandon: Bom… Não faz muito tempo que eu estava no ensino médio, então quando eu li o roteiro me senti como “Oh meu deus, isso é exatamente o que as pessoas passam”, isso representa aquela experiência de forma extremamente honesta porque quando você é jovem é muito fácil tomar decisões, o que eu aprendi conforme fui crescendo é que algumas dessas decisões são as melhores a serem tomadas, e você tem um tipo de impulso em seguir seu coração e os jovens costumam viver com isso mesmo que muitas vezes acabem em situações complicadas. Eu acho que a série falou muito sobre.

Christian: Eu sou muito grato de interpretar um personagem multidimensional. Ele é latino mas ele não está lutando contra sua origem, contra sua sexualidade. Ele é um ser humano do século XXI, como todos nós… somos todos diferentes, diversificados e a série fez um trabalho excelente representando o que é estar vivo hoje no século XXI.

 

Vocês acreditam que os adolescentes que assistem a série podem aprender com os personagens e mudarem seus comportamentos em relação ao bullying?

Alisha: Eu fiquei sabendo que alguns professores estão exibindo a série nas escolas, o que eu acho que realmente traz um certo impacto, poi faz com que os jovens entenderem como as pequenas coisas que eles fazem podem ferir o outro e você não sabe o que se passa na vida daquela pessoa. Eu acho que essa é a grande mensagem da produção e fico feliz que os professores também estão vendo e compartilhando isso.

Christian: Eu acredito que o fato de nós estarmos aqui hoje prova isso, todos aqui assistiram a série e isso está abrindo diálogos. As redes sociais estão cheias de relatos com pessoas dizendo que tomaram conhecimento do assunto e chamaram a atenção dos agressores.

Brandon: Acredito que a série deixa bem claro sobre como uma pequena coisa pode afetar muito a vida do outro. Na internet eu vejo muitas brincadeiras com os motivos de Hannah, que no inicio parecem simples, mas quando você assiste a série toda percebe como tudo aquilo afetou a vida dela.

A série apresenta vários tipos de vida e família, como no caso de Jessica com seu pai extremamente rigoroso, enquanto o Justin lida com um lar violento e Toni possui uma família totalmente centrada em si. Vocês acham que as pessoas reagiram ao fato de se sentirem representadas, não só pelos personagens, mas também por seus familiares?

Christian: O que eu amo quando vou ao cinema ou assisto a uma série é poder me reconhecer em uma situação, por saber como é passar por aquilo. É incrível pensar que temos isso em nossa série, que cada pessoa e personalidade consiga se reconhecer através do que assiste.

Vocês imaginavam que a série poderia fazer tanto sucesso como tem feito?

Alisha: Eu senti que teria um bom impacto por conta de sua mensagem, mas não imaginava que fosse acontecer tão rápido e isso realmente é incrível. Acredito que isso acontece por que é uma história extremamente importante, e muito bem representada.

Brandon: Sim!! Sim!! Desde quando estávamos filmando eu senti que algo mágico estava sendo construído, e os comentários não eram limitados as aparências dos personagens e como cada um combinava um com o outro, havia algo mais importante sendo discutido.

Como foi lidar com questões tão delicadas, vocês tiveram algum tipo de acompanhamento de psicólogos e outros profissionais guiando vocês nos sets?

Brandon: Sim, nós tínhamos acompanhamento e o ponto mais difícil de construir foi o do suicídio e como isso poderia impactar o público. Nós tivemos uma doutora especialista em suicídio adolescente que nos guiou desde o início e apoiou a forma como a história estava sendo contada, alegando que de fato era assim que muitos dos casos de suicídio progridem, e é bom ser honesto para que o público possa refletir sobre a gravidade da situação.

Alisha: Foi muito importante para mim, para o Brandon, Justin (Bryce, na série) e para o próprio Brian Yorkey (criador da série). Nós precisávamos de alguém com propriedade para conversar e guiar essas questões para o caminho certo, para que as pessoas se sentissem representadas. Depois que a série foi exibida eu comecei a receber várias mensagens de pessoas agradecendo e me contando que já foram violentadas e graças a série se sentiram confortáveis em se abrir com as pessoas que elas amam, então eu sou muito grata pelo trabalho que nós fizemos e por termos conseguimos guiar a produção para o caminho certo.