[Crítica] Whiplash | Whiplash: em busca da perfeição

“Whiplash” é um filme econômico, em seus primeiros minutos já possível perceber o que está por vir. Vemos Andrew (Miles Teller) tocando bateria em uma sala no final do corredor e aos poucos a câmera vai se aproximando do rapaz, ate que Fletcher (J.K. Simmons) chega na sala e a tensão causada por sua presença denuncia que ele é uma das pessoas mais importantes daquele lugar. Ali se estabelece uma relação profissionalmente promissora e pessoalmente desconfortável.

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 O filme é dirigido e roteirizado pelo jovem Damien Chazelle, e seu trabalho foi feito com muita competência, o que está impresso não só nas grandes atuações dos dois protagonistas, mas também na atmosfera visual criada pelo diretor, a câmera parece estar sempre no lugar certo, seja exibindo planos conjuntos das duas estrelas do filme em conflito, ou em planos detalhe extremamente simples, mas que claramente expõe seu propósito e função dentro de cada cena.

De inicio, tive uma postura meio reativa correspondente à relação dos dois personagens principais, achei tudo muito desenhado demais, o jovem músico meio loser aspira em ser reconhecido como seus ídolos que se depara com o professor carrasco de métodos de ensino duvidosos que no fundo é alguém sensível. Isso me incomodou um bocado durante a projeção, porém ainda sim foi possível apreciar as duas grandes atuações que o abrilhantaram.

Miles Teller consegue facilmente passar a ideia e jovem imperfeito e esforçado, o ator já tocava bateria desde os 15 anos e mesmo assim ele fez aulas extras, 4 horas por dia, três vezes por semana para se aperfeiçoar. As cenas em que ele toca o instrumento são muito bem apresentadas, principalmente as mais dramáticas, como por exemplo quando Andew está ensaiando a fim de agradar o professor carrasco e começa a ferir suas mãos, porém o dono filme na verdade é o ator J.K. Simmons, seu personagem é completamente detestável, machista, racista e arrogante, porém é daquelas personalidades que atraem nossos olhos, por mais que o odiemos, queremos acompanha-lo e saber mais sobre ele, talvez por isso Andrew estava tão obcecado em agradá-lo.

“Whiplash” é um filme que se utiliza da música, porém não é um filme sobre música, a proposta é apresentar uma batalha psicológica entre dois personagens que se não tivessem sido interpretados de forma tão competente jogariam o filme pelo ralo. Damien Chazelle desenha uma história sobre sonhos e ambições, passando pelos extremos, o que é extremo? Cadê o limite? Existe limite que me separa do que eu quero?Direção e interpretações primorosas fazem desse filme um convite a apreciação de boa música, bom estudo de personagem, e boa reflexão acerca do que é sucesso.