Crítica: 1922 (Netflix)

Tem sido um bom ano para Stephen King, várias de suas obras foram adaptadas para as telas e a maioria teve uma ótima aceitação do público. Agora chegou a vez do conto 1922 chegar como filme no catálogo da Netflix.

1922 foi publicado no livro “Escuridão Total, Sem Estrelas” (Full Dark, No Stars), em 2010, com mais três outros contos de Stephen KingO Gigante do Volante, Um Bom Casamento (ambos também foram transformados em filme) e Extensão Justa.

Na adaptação da Netflix, o ator Thomas Jane dá vida ao fazendeiro Wilfred, protagonista do terror. A história é narrada pelo ator e sua voz grossa e forte contribuí para a criação de um ambiente tenso e assustador. A ator entrou totalmente no personagem, ele incorpora um sotaque caipira que caiu muito bem e consegue ir da glória ao caos em uma atuação perfeita.

A vida de Wilfred caminha para a ruína e destruição quando ele mata sua esposa Arlette (Molly Parker), motivado pela vontade da mulher de vender as terras que foram herdadas por ela quando o pai morreu. O desejo de Arlette era sair da fazenda em Nebraska e se mudar para a cidade com o filho Henry (Dylan Schmid), mesmo contra a vontade do garoto. Então Wilfred convence o filho a ajudar a matá-la, para que eles possam viver na fazenda e juntar as terras dele com a da esposa morta.

A última visão que Wilfred tem de Arlette é uma cena horrível do corpo da mulher no fundo de um poço, sendo devorado por ratos. Essa visão tem uma contribuição bastante importante para a loucura que irá possuir o personagem.

O filme tem uma caracterização bem fiel aos anos 20. Inicialmente as cenas na fazenda são de cores quentes e depois do assassinato da esposa, algumas mudanças na fotografia criam um ambiente sombrio, que evidência a luta de Wilfred contra a culpa que assombra sua consciência.

O personagem começa a ser aterrorizado pelo fantasma da esposa assassinada e se vê perseguido por ratos. Aqui, o sobrenatural inserido por King na história se mostra como indícios da loucura que Wilfred passou a ter lidar com sua decisão de matar a esposa e as consequência seguintes.

Existem alguns problemas no ritmo do filme, os personagens secundários são aproveitados de maneira rasa, mesmo aqueles que têm contribuições importantes para a narrativa e isso pesou no resultado final.

De qualquer forma, a boa história de King e a atuação de Jane fazem do filme um terror psicológico intenso. As cenas dos ratos que passam a tirar a paz do personagem foram estrategicamente incluídas em momentos chaves de trama pelo diretor e roteirista Zak Hilditch. Todos esses elementos serviram para entregar uma adaptação que realmente entra na mente do espectador, causando agonia e inquietação.