Yorgos Lanthimos é um diretor peculiar, em “O Lagosta” (2015) ele ganhou atenção em várias premiações e em “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (2017) atesta que veio para trazer histórias enigmáticas que vão estremecer o cinema contemporâneo.

“A Favorita”, o seu mais novo trabalho, é  ambientado na Inglaterra do século XVIII, na qual Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz), exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes à oportunidade única.

Crítica: A Favorita

A trama gira em torno de três mulheres, a Rainha Ana que é extremamente carente e tem um cargo de total importância, mas não tem preparo psicológico para lidar com ele, enquanto a Duquesa de Marlborough a manipula pelos seus próprios interesses através de seu hábil poder de persuasão, utilizando-se de artefatos políticos, sentimentais e até mesmo sexuais para conseguir o que quer.

Abigail (Stone) é uma prima distante da duquesa que chega como criada e aos poucos tenta alcançar seu lugar como dama na corte, jogando sujo sempre que é necessário. No decorrer da história as nossas impressões sobre a personagem vão mudando o tempo todo porque você sente uma pena da infância que ela teve, mas ao mesmo tempo percebe que ela está usando a rainha apenas para chegar aonde deseja.

Rachel Weisz e Emma Stone travam uma briga de egos entre elas, cada uma com o seu interesse próprio e com isso as roteiristas Deborah Davis e Tony McNamara nos fazem refletir sobre o que o ser humano é capaz de fazer para chegar onde almeja. Quem é o herói e quem é o vilão? Parece que esse conceito maniqueísta tem caído por terra e o cinema tem explorado cada vez mais a imperfeição do ser humano. No longa em questão, Yorgos opta por enfatiza a maldade humana, a dependência de se relacionar com alguém, e as relações abusivas que é um tema bastante atual.

Olivia Colman, Emma Stone e Rachel Weisz estão deslumbrantes e nenhuma ofusca a outra, todas tem espaço em tela e seus personagens são muito bem desenvolvidos.

Crítica: A Favorita

Neste filme, a câmera ganha mais movimento para conhecermos os cenários do palácio e comunicar melhor sua linguagem através da iluminação e enquadramentos. A direção de arte é puro glamour, exibindo figurinos marcantes, maquiagens exageradas e cenários que dialogam com a época.

Trabalhando com questões políticas, relações humanas densas e com um bom time de humor, “A Favorita” é um forte candidato ao Oscar de melhor filme. A produção é genial e deverá agradar todos aqueles que apreciam uma boa narrativa, um roteiro fora da caixa e com três grandes atrizes entregando o melhor de si.


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