Molly’s Game, que no Brasil ganhou o título de A Grande Jogada, é baseado no livro de Molly Bloom, que narra a história de sua própria vida. Na adaptação cinematográfica do diretor Aaron Sorkin, é Jessica Chastain quem vive Molly, uma jovem que decide ir à Los Angeles antes de começar a sua faculdade, pois acredita que merece viver um ano sabático após ter perdido a sua grande oportunidade nos Jogos Olímpicos devido à um grave acidente. Porém, através de circunstâncias inusitadas, ela entra para o mundo do pôquer e acaba se tornando uma milionária famosa.

Molly é sagaz, inteligente e sedutora, e é óbvio que essas características vão abrir portas para que ela consiga se tornar “A Princesa do Pôquer”, claro que, para alcançar o pódio ela teve que começar de baixo. A moça que no início organizava jogos e ganhava as comissões, decidiu abrir seu próprio negócio e atrair os clientes de seu ex-chefe. No entanto, o seu empreendimento tomou proporções enormes e ela chegou a se envolver com máfias, autoridades e pessoas de importância no âmbito das artes.

Crítica: A Grande Jogada

Chastain interpreta uma mulher forte, decidida e que precisa se manter equilibrada, pois o “dinheiro fácil” acaba afastando Molly das pessoas que ela ama e a impossibilitando de construir uma família. Já Idris Elba vive um advogado com a missão de ser honesto com seus princípios e honrar sua profissão, dessa forma ele acaba sendo um entendedor da história de Bloom e decide ajudá-la por acreditar em sua inocência.

Em A Grande Jogada temos um material que explora as camadas de solidão de Molly Bloom, enfatizada pelo consumo constante de drogas e a dedicação total ao trabalho no intuito de suprir o vazio que sente. Todos esses difíceis momentos de sua vida são interpretados e narrados com primor por Jessica Chastain, que inclusive foi indicada como Melhor Atriz no Globo de Ouro.

Aos demais atores que compõem o elenco, temos Michael Cera, como o Jogador X que é responsável por uma grande reviravolta do filme e cumpre bem o seu papel. Kevin Costner como Larry Bloom, um homem repleto de conflitos familiares e, Chris O Dowd interpretando Douglas Downey, que é introduzido em uma fase mais sólida da vida de Molly, podendo ser considerado o personagem mais cômico de toda a história.

Apesar de ter muitos jogadores, o filme fecha bem as subtramas de cada um. Além disso, ele também consegue contar um pouco da relação de Bloom com os seus clientes que é extremamente profissional, sendo que ela procura não se envolver de forma pessoal, enriquecendo a personagem e a tornando um exemplo de empoderamento e independência.

É difícil analisar essa produção sem mencionar a sua bela fotografia, repleta de diferentes ângulos, cortes rápidos e movimentos que inserem o clima necessário na trama. Quanto aos tons visuais é bem semelhante à A Rede Social (2010), usando uma forte saturação, com controle de cores como sépia e vermelho, que se misturam com sombras e contraste para compor a abordagem de thriller dramático.

Crítica: A Grande Jogada

A direção de arte ressalta certos elementos interessantes nos negócios de Molly, com atmosfera requintada e repletas de belas e caras decorações e design arrojado, diferindo do obscuro local típico de subúrbio de quando ela iniciou seus trabalhos no pôquer. Já o escritório do advogado (Idris Elba) tem uma organização mais metódica e um pouco minimalista, trazendo um ar seguro para suas conversas com Molly, outro detalhe importante são os seus figurinos que entregam muito da personalidade dos personagens, principalmente a protagonista que conta com um vestuário deslumbrante que exalta a sua feminilidade e ao mesmo tempo impõe a sua força.

A Grande Jogada é uma produção respeitável, que conta com um elenco talentoso e bem dirigido, honrando a envolvente história de Molly Bloom.