“A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor”  Joseph Addison.

Muitas vezes os amigos podem se separar, mas se a essência da amizade for verdadeira, o vínculo se mantém independentemente do tempo ou da distância. Em A Melhor Escolha, trinta anos após servirem juntos no Vietnã, Larry (Steve Carell) se reúne com seus velhos amigos, Sal (Bryan Cranston) e Richard (Laurence Fishburne). Entre recordações e relatos do que se passou com cada um durante todos esses anos, eles terão que decidir o melhor local para enterrar o filho de Larry.

Crítica: A Melhor Escolha

Larry Shepherd, que também é conhecido como Doc, é um homem que leva a vida de uma forma contida após ter perdido a sua mulher para o câncer e o seu filho, Larry Jr, durante a guerra. Após essas duas perdas, ele resolve buscar o apoio de seus antigos amigos que reencontra através da internet. Sua primeira parada é no bar de Salvatore, que optou por não construir uma família e tem a filosofia de viver o momento, apesar disso, ele carrega muitas amarguras dentro de si, pois no passado era um Sargento da Marinha e possui lembranças boas e ruins dessa fase de sua vida. Ambos decidem ir ao encontro de Richard, que na época do Vietnã era conhecido como Mueller, mas prefere esquecer que tem um passado sombrio por conta de seu princípio religioso atual.

A química do trio é o que faz o filme funcionar bem, pois um completa o outro. Sal incrementa com o seu sarcasmo, Richard sempre enxerga o lado bom das coisas e Larry está claramente fragilizado por sua dor. Depois que todos os personagens se reencontram eles se reúnem na casa do pastor Larry, que comunica ter ido reencontra-los no intuito de ter a companhia de seus velhos amigos para o enterro de seu filho em Arllington.

A produção tem uma direção de fotografia que aposta em tons de azul e sépia, em determinados momentos, para criar o seu mosaico visual de comédia dramática, além de muitas sombras em diversas cenas para captar a intensidade dos personagens. Já os movimentos, no geral, são bem comuns, mas funcionais para criar uma estética íntima, com closes para o drama, além de planos conjuntos e gerais para capturar as relações entre os protagonistas.

A arte trabalha com cenários realistas e elaborados pelos locais que o trio percorre ao longo do filme, seja por um trem, restaurantes requintados, quartos de hotéis, ou na organizada casa do pastor. Os figurinos, entretanto, se sobressaem e ajudam a compor a personalidade de cada um, como a jaqueta de couro do ousado Sal, o traje de pastor de Mueller e as vestes simples e humildes de Doc.

Crítica: A Melhor Escolha

Richard Linklater foi o responsável pelo prestigiado Boyhood: Da Infância à Juventude (2014), e se tem uma coisa que ele sabe fazer bem, é desenvolver os seus personagens. O seu trabalho dessa vez, é adaptação do livro de Darryl Ponicsan, que assina o roteiro ao lado de Linklater. A narrativa é conduzida com leveza e com doses de humor, mas sem perder a essência do drama.

A Melhor Escolha tem um ritmo comprometido pela limitação do seu roteiro, sendo que a grande ressalva vai para o elenco, que consegue manter o filme através de suas atuações inspiradas, mas que não apagam por completo a inércia do texto e a duração um pouco excessiva do longa.


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