Após uma recepção dividida em relação a “Prometheus”, finalmente conhecemos a sua sequência, “Alien Covenant” um filme que é também um prelúdio de “O Oitavo Passageiro”.
Na história acompanhamos a nave colonizadora “Covenant” que traz uma equipe disposta a colonizar o novo mundo, contendo cerca de 2000 passageiros em criogenia. O único acordado é o androide Walter, que acaba tendo de lidar com um problema externo na nave e resolve acordar alguns dos profissionais para fazerem os reparos necessários e seguirem rumo ao planeta Origae-6. Em meio a isso os tripulantes recebem uma transmissão misteriosa vinda de um planeta que encontra-se bem próximo a eles, com a ganância da descoberta, eles escolhem mudar o trajeto e realizarem uma rápida visita a esse local, que com sorte pode possuir condições de habitação.
Sem muita ousadia, temos aqui um primeiro ato recheado de clichês da franquia Alien, com direito a discussões entre os passageiros, e as decisões cruciais que dão abertura ao filme, porém mesmo sem grande invenção na fórmula, somos rapidamente apresentado aos personagens sem que haja uma grande extensão de diálogos e explicações óbvias. Com intuito de colonizar, todos na nave são casais dispostos a começar uma vida nova nesse ambiente totalmente inédito, e isso por si só já gera uma fácil compreensão das relações estabelecidas entre todos os envolvidos.
Katherine Waterston vive Daniels, a nossa guerreira que está a todo momento tentando assumir o papel de uma figura forte, assim como era a de Ripley (Sigourney Weaver) no filme clássico. Em determinados diálogos e até em seu desenvolvimento há fatores questionáveis, como a necessidade de se auto afirmar com falas repetitivas que não agregam em nada as circunstâncias propostas. Apesar de tudo, o resultado ainda é positivo e temos aqui uma mulher forte, sensível e que apesar de estar passando por um luto marcante, ainda consegue se defender e ser uma protagonista digna a essa franquia que nos apresentou uma das melhores “final girs” do terror, Ellen Ripley.
Outro ator que merece destaque é Danny McBride que possui uma química muito agradável com Daniels, de forma que juntos conseguem transmitir a urgência e desespero para o público durante o grande clímax do filme. Michael Fassbender é o grande destaque do longa, dando vida ao novato androide “Walter” e ao sobrevivente de Prometheus “David”. O ator consegue fazer transições ágeis entre as duas personalidades de forma que o público consiga perceber certas diferenças entre eles, mas sem que essas nuances caiam na artificialidade, afinal ainda são robôs.
O restante do elenco faz um trabalho competente e possui uma excelente química em equipe, algo que é essencial em uma filme do gênero. Pouco a pouco eles vão sendo caçados pela criatura, nos prestigiando com o mais puro gostinho do terror, recheado de cenas tensas e sangrentas. Infelizmente, os “Jump Scares” não conseguem impressionar e acabam presos em momentos previsíveis, o que não chega a atrapalhar o filme, mas diminui o potencial da obra.
Quanto a fotografia, temos aqui um visual intrigante e nostálgico com coloração que varia do verde ao amarelo em algumas cenas na nave, enquanto em outras permanece em uma escala de azul favorecendo o cenário de ficção. Já os enquadramentos usam e abusam do “close up” a fim de captar todo o desespero dos personagens, e em muitos casos gerar dúvida quanto ao que está sendo dito por eles.
A direção de arte também agrega um grande valor de nostalgia, desde a composição da nave deslumbrante até em seus figurinos com tons escuros e vestimentas que no caso de Daniels relembram muito o figurino de Ripley. A maquiagem também é precisa, tanto na hora de desgastar os tripulantes quanto na hora de evidenciar os machucados e banhos de sangue que são bem frequentes aqui.
Ridley Scott está com sua técnica afiada. Mesmo que o filme desproveja de uma grande narrativa a ser explorada, Ridley desenvolve grandes cenas de tensão que seguram o público e rendem uma boa aflição. Os atores também estão bem conduzidos, com performances sólidas e respostas ágeis, algo que não seria possível sem um bom diretor.
“Alien: Covenant” passa longe de se igualar ao clássico “O Oitavo Passageiro”, tampouco de ser considerado um grande filme moderno, mas é acima de tudo um excelente filme de terror, com ótimas sequências de tensão e boas reviravoltas, que além de tudo carregam muito da essência do horror oitentista com gore, perseguições e confrontos instigantes.