“Annabelle” começou através de um spin-off, derivado de “Invocação do Mal”, abraçado pelo público e não tão aprovado pelas críticas, mas o sucesso nas bilheterias garantiu a continuação, “Annabelle – A Criação do Mal”, retrocedendo a ordem cronológica da franquia para contar a história de origem da boneca que foi tão bem executada que acabou superando o primeiro filme.
Agora, eis que chega aos cinemas “Annabelle 3: De volta para casa” e preciso dizer que até hoje não soube lidar com esse título, mas a culpa não é da tradução brasileira e sim do próprio nome escolhido, “Annabelle: Comes Home”. Na história, Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) estão determinados a manter Annabelle contida e para isso os demonologistas trancam a boneca em casa, colocando-a de maneira segura atrás de um vidro sagrado concedido por uma igreja e chamando um padre para benzer o local. No entanto, uma noite de horrores está prestes a acontecer quando Annabelle acorda os espíritos maléficos do quarto e todos eles vão atrás de uma nova alma: Judy (Mckenna Grace), a filha de 10 anos dos Warren, sua babá Mary Ellen (Madison Iseman) e sua amiga Daniela (Katie Sarife), que passam a noite sozinhas na casa.
Mas, a pergunta que não quer calar: o filme é bom? Para acalmar logo o coração de vocês, respondemos que sim, o filme é bom, porém tem alguns problemas que não posso deixar de contextualizar.
Vera Farmiga e Patrick Wilson seguem excelentes e eu não conseguiria imaginar outras pessoas no papel do casal Warren. McKenna Grace é uma das atrizes mirins que está em alta no momento, com filmes de sucesso como “Eu, Tonya” (2017) e “Capitã Marvel” (2018), sendo que aqui ela não faz diferente, como a filha do casal de apenas 10 anos, ela já tem discernimento sobre o trabalho dos pais, tem dificuldades em fazer amigos, mas é inteligente, sagaz e coloca sua fragilidade e medo em um tom cativante. As garotas que dividem o protagonismo com ela também se saem bem. A sua babá Mary Ellen (Madison) tem as cenas mais tensas do filme, nas quais a nossa expectativa é testada para que possamos ser surpreendidos com um jumpscare. A amiga Daniela (Katie), tem bastante potencial e assume a figura de “chata” no início, mas com o tempo você entende as motivações dela e consegue compreender as suas atitudes irresponsáveis. Juntas elas criam uma sinergia legal que nos faz torcer para todas as três. A única questão problemática é o roteiro de Gary Dauberman que não consegue se decidir muito bem em qual das garotas ele irá focar.
Caso você tenha lido o livro “Invocadores do Mal” será facilmente ambientado na casa dos Warrens onde poderá ter o prazer de conhecer um pouco mais sobre o porão do casal, local no qual eles guardavam todo o mal e, para quem é fã será um momento especial, já que podemos ver todos aqueles artefatos ganharem vida.
Apesar da interessante premissa, o roteiro não alavanca e acaba não agregando muito para a história da boneca, que parece não ter mais o que oferecer além de um entretenimento rápido e cheio de jumpscares. No mais, “Annabelle 3: De Volta para Casa” acaba funcionando bem como um gatilho para apresentar mais espíritos e criaturas que podem render futuros filmes, expandindo ainda mais o universo de “Invocação do Mal”.