O cinema não possui um bom histórico em adaptações de games para as grandes telas, apenas nos últimos anos isso vem melhorando em obras como “Need for Speed”, “Angry Birds” e “Warcraft”, mas esse mercado ainda não é tão forte quanto o de livros ou quadrinhos. Filmes baseados em jogos sempre deixaram a desejar, esse é um fato inegável, por isso é perfeitamente normal o medo da adaptação de Assassin’s Creed estrelada por Michael Fassbender.

Felizmente estávamos enganados, pois a parceria da Ubisoft com a Fox gerou um filme de ficção, aventura, ação e mistério que introduz uma mitologia interessante, garante boas atuações, muita diversão, carisma e abre as portas para uma franquia.

Na história Callum Lynch (Michael Fassbender) descobre ser descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos, que desbloqueia suas memórias genéticas através de uma tecnologia revolucionária que possibilita experimentar aventuras vividas, no século 15 na Espanha, desenvolvendo habilidades e conhecimento para combater a opressiva e poderosa organização dos Templários nos dias de hoje.

A direção de Justin Kurzel é muito bem-sucedida em seu equilíbrio no filme, com uma mistura de gêneros como sci-fi, mistério, ação e aventura além de saber direcionar seu perturbado herói dentro dessa trama incomum e inusitada, consegue agradar tanto os fãs quanto o público que desconhecia a marca até então, e muito disso se deve à técnica de Kurzel em seu segundo trabalho com Michael Fassbender.

O roteiro também está bem elaborado, dividido em três atos, cada ato onde vemos Lynch aos poucos ter suas perturbações reveladas em paralelo ao crescimento da história com a organização, com sequências de ação na Espanha antiga bem pontuadas surgindo no momento certo para descontrair e nos divertir. Quem conhece o jogo poderá reconhecer que muito do personagem de Lynch foi baseado em Desmond, protagonista do primeiro game da franquia e também há inúmeras referências a passagens não só do primeiro jogo como de outros famosos da marca.

Agora falaremos sobre o elenco, formado por grandes atores e atrizes como Marion Cotillard, Jeremy Irons e Michael Fassbender. O destaque acaba ficando por conta de Irons que incorpora o vilão Inescrupuloso e obcecado Rikkin e Fassbender com seu insano, crítico e carismático Callum Lynch que diverte e nos empolga em sua jornada. Temos outras participações impactantes como de Brendan Gleeson como Joseph Lynch e Michael K. Williams como Moussa que dão um show em personagens muito importantes para o arco dramático de Lynch.

A direção de fotografia está adequada ao tom do filme, tanto nas cenas no presente como no passado, apresentando um estilo realista, sombrio e dramático com forte contraste entre elas recheando de atmosfera soturna.

A direção de arte e figurino está dialogando muito bem com as nuances do filme e sua fotografia, em vestes e construções historicamente coesas no passado e com um design de arquitetura e de roupas que dão o visual necessário tanto de um ambiente científico avançado como de uma organização religiosa antiga.

Sobre a ação do filme não há quase nada do que reclamar, cenas de tirar o fôlego que irão divertir o público e agradar os fãs dos games com lutas usando diferentes armas, corridas e escaladas que parecem sair dos videogames para as telas, talvez o maior deslize de Assassin’s Creed esteja no fato do salto da fé ter deixado a desejar, o que prejudica a experiência já que boa parte do marketing do filme foi envolta disso, além do 3D que está muito fraco e prejudica boa parte da experiência, o que pode desagradar a muitos.

A trilha sonora em contrapartida está deslumbrante, com músicas que evocam rock, eletrônica e aventura épica que mescladas dão forma a produção.

O que se percebe ao final do filme é que eles conseguiram acertar o público que conhece e desconhece a franquia, apresenta uma mitologia, desenvolve um grande personagem, encaminha a história para o início de uma trilogia divertindo com ação, aventura e mistérios que ainda serão aprofundados no futuro, podemos enfim estar chegando à uma era onde os jogos podem estar sendo levados da maneira correta ao cinema.

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
7
Atuações
7
Direção de Fotografia
7
Direção de Arte
8
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.