Crítica: Batman (2022)

Quando Robert Pattinson foi anunciado como novo Batman à internet se dividiu uns achavam que ele tinha competência para o papel e outros pensavam que ele não era digno de assumir tamanha responsabilidade por conta da saga Crepúsculo (2008). Quem acompanha a carreira do ator pode ter outros motivos para não gostar dele, mas talento não pode ser a questão, ele esteve em O Farol (2019), O Diabo de Cada dia (2020) e Tenet (2020) provando a que veio e hoje se consagra como o novo Batman.

Na trama, o bilionário Bruce Wayne (Robert Pattinson) trabalha como vigilante noturno Batman após o assassinato de seus pais e agora devido uma série de crimes, ele irá investigar o Charada (Paul Dano) e explorar suas habilidades de detetive para salvar Gotham.

Dirigido e roteirizado por Matt Reeves, um diretor experiente que consegue imergir o espectador, logo no início do filme, além de deixar claro as suas influências cinematográficas dos anos 70 e no quadrinista Frank Miller.

Nessa nova versão, a abordagem é abraçar um Batman ambíguo que trata de questões políticas, de corrupção, investigações policiais e a briga pelo poder. Agora, vamos falar o que vocês mais devem está querendo saber e Pattinson consegue imprimir um bom Batman?

Para alegria de uns e a tristeza dos haters a resposta é sim!

O seu Batman jovem está apenas no seu segundo ano como vigilante, eis que surge seu antagonista o Charada (Dano) com enigmas destinados ao Batman que o conectam com pessoas ditas “cidadãos de bem”, mas que prejudicam a cidade de Gotham. A presença de Batpattinson com o traje é marcante e temos um Bruce Wayne inconsequente, sombrio e triste repleto de dores e traumas em decorrência de um trauma familiar.

A Mulher-Gato (Zoë Kravitz) com o uniforme e como Selina possui os mesmos traços de personalidade dentre suas características mais marcantes são: a impulsividade, senso de justiça, destemida e com uma pitada de sensualidade. Além de ser um contraponto de equilíbrio para o Batman que entre um flerte e outro entregam uma cumplicidade entre ambos.

Preciso dizer que não haveria escolha mais assertiva para o Charada do que o Paul Dano, ele capta a obsessão do personagem certeiramente e ao ser descoberto como Edward Nashton apresenta as suas motivações, apesar do visual de um “jovem comum” intimida por sua insanidade.

Reeves apresenta uma direção precisa e elegante composta por takes específicos que colaboram para enriquecer ainda mais a história, para isso o filme conta ainda com apoio de um design de produção refinado para elaborar todo o cenário gótico sujo e um tanto fantástico da cidade, juntamente temos a sublime fotografia de Greig Fraser (Rogue One, Duna) que captura a melancolia dos habitantes de Gotham.

O visual de Fraser também traz aspectos bem ricos para a história do Homem-Morcego, há espaço para locais escuros e atmosféricos e também sabe como realçar tons de preto e cinza assim como tons de vermelho e laranja, algo que nos oferece aquele visual “noir” de filmes como Seven (1995) e Zodíaco (2007), o que casa perfeitamente dentro da proposta de Reeves.

Todo o material dura 3 horas, o que particularmente não me incomodou, a condução me deixou empolgada, além da história com este cunho mais investigativo, as cenas de ação são bem coreografadas e ocorrem de forma menos costumeira dos filmes de super-heróis, são mais reais e naturais. Perseguição? Temos! A propósito uma das melhores já vistas entre o Batman e o Pinguim (Colin Farrell) que não se esconde atrás de uma excelente maquiagem ele entrega uma ótima atuação também. O filme faz bom uso dos acessórios do Batman, explorando os seu traje, armas, a sua casa, o seu batmóvel e permite que tenhamos mais momentos de tela com o Batman.

É um alívio que os estúdios comecem a se desvencilhar dessas produções enlatadas e tragam materiais cada vez mais autorais e com identidade, a prova disto é o novo Batman um filme linear que traz um frescor para um personagem tão explorado e querido, ratificando que uma direção competente faz toda a diferença. Por fim, é uma versão crua, densa e ainda mais sombria do Homem- Morcego.