Finalmente chega aos cinemas a versão cinematográfica da série de maior sucesso da televisão, “Baywatch”, ou como foi traduzido para o Brasil, “S.O.S Malibu”.
A trama acompanha um grupo de salva vidas que têm suas vidas mudadas quando percebem que um esquema de tráfico de drogas está se permeando pela praia no intuito de desvalorizar o local e facilitar a privatização do ambiente. Agora, Mitch (Dwayne Johnson/The Rock), decide reunir sua equipe composta por: C. J. Parker (Kelly Rohrbach), Stephanie (Ilfenesh Hadera) e os novatos: Matt Brody (Zac Efron), Summer (Alexandra Daddario) e Ronnie (Jon Bass), para tentar descobrir quem está por trás desses crimes.
Como já é de se imaginar, temos aqui uma premissa simples que funciona e é usada apenas para conduzir o humor através de uma linha narrativa, de forma que consiga envolver o público ao longo das duas horas de exibição. Não há nenhum destaque no roteiro, que inclusive usa e abusa de piadas previsíveis, e um desenvolvimento linear sem qualquer ousadia, no entanto o que funciona melhor aqui é o uso da metalinguagem nos diálogos, sempre trazendo referências e mesões de outros filmes, muitos do próprio Zac Efron, o que rende ótimas gargalhadas quando é executado no timing correto. Outro ponto que merece ser comentado é a forma como inserem os dois principais atores da série clássica, David Hasselhoff e Pamela Anderson, ambos fazem uma breve aparição sem roubar o protagonismo dos novos personagens, mas agregando um charme nostálgico para quem acompanhou a produção dos anos 90.
Quem realmente dá o charme da obra é o elenco, que traz uma química excelente entre The Rock e Zac Efron, de forma que juntos conseguem interagir com ótimos diálogos afiados e uma perfeita sincronia. O mesmo vale para Alexandra Daddario, que impõe uma boa oposição aos comentários de Zac, sempre retribuindo suas cantadas sem qualquer filtro ou tabu. Jon Bass interpreta Ronnie, e é outra surpresa divertida no elenco, assim como Kelly Rohrbach que herda a personagem que foi de Pamela Anderson na série de tv. Também vale elogiar a vilã caricata e divertida, interpretada por Priyanka Chopra (da série ‘Quantico’), que torna-se a cereja do bolo.
Tanto a direção de arte quanto a de fotografia possuem um objetivo em comum aqui, que é potencializar o humor circunstancial das cenas, e ambos os diretores conseguem brincar com isso. “Baywatch” sempre foi sinônimo de corpos bonitos sendo contemplados pelas câmeras, e aqui não é diferente. A equipe de fotografia faz questão de rechear o filme com close ups em diversas partes do corpo, porém faz isso tanto com as mulheres quanto com os homens. O mesmo acontece com os figurinos que são justos e destacam o corpo dos atores ao máximo, portanto é honesto com a proposta e funciona dentro da narrativa que é dotada de piadas com teor sexual.
Algo que é difícil de passar batido são os efeitos especiais, que parecem frutos de um trabalho preguiçoso e sem um pingo de comprometimento. É claro que em um filme de humor não esperamos uma revolução visual, mas um incêndio razoavelmente convincente é o minimo que deveríamos receber em uma obra cinematográfica, pois do contrário, nada separaria essa mídia do youtube, que por sinal conta com trabalhos muito superiores ao que foi feito aqui.
O mesmo vale para a direção de Seth Gordon, que aparentemente não consegue decidir o tom de algumas cenas, oscilando entre o drama e o humor pastelão, resultando em um segundo ato enrolado e cansativo. Felizmente ele acerta na condução do elenco, que como já foi dito é o melhor do filme.
Mas o mais importante mesmo é o humor, e digamos que ele é bem comprometido. O filme traz uma série de piadas apelativas, mas que muitas vezes se perdem e não funcionam como deveriam, isso quando não se aproximam de um humor infantil, por outro lado, o uso de referencias nos diálogos agregam um charme divertido, principalmente para os fãs de “The Rock” e “Zac Efron”. É um humor que dificilmente irá agradar a todos, mas é honesto com a sua proposta e fiel a série original.
Portanto podemos concluir que “Baywatch” é apenas mais uma comédia besteirol americana, sem qualquer pretensão ou ousadia, mas apesar disso o filme é honesto com o que é mostrado em seus trailers e irá agradar aqueles que curtem um humor mais apelativo e descompromissado.