Ao assistir o trailer do filme “Beleza Oculta” eu me encantei pelo que foi apresentado como proposta que seria falar sobre temas como: amor, morte e tempo que intrigam muitas pessoas, devido à sua complexidade.
No filme, a história gira em torno de Howard (Will Smith) dono de uma vida profissional ativa como um publicitário de sucesso, porém a morte de sua filha o coloca em uma depressão profunda e ele resolve se isolar de todos os seus amigos e como um ato terapêutico ele passa a escrever cartas para o amor, morte e tempo que vão encoraja-lo para retornar a sua rotina normal.
Parece que somos enganados pelo trailer “à primeira vista”, mas, é preciso dar uma chance ao filme que vai apresentar o personagem de Smith, depois disso, serão apresentados seus colegas de trabalho Whit (Edward Norton), Claire (Kate Winslet) e Simon (Michael Peña) abrindo um leque para diversas subtramas. Whit enfrenta problemas com a sua filha por ter traído a sua esposa e foi punido pela garota que o rejeita, enquanto Claire é uma mulher que dedicou integralmente a sua vida profissional e colocou a sua vida pessoal em segundo plano, e quando percebeu já estava um pouco tarde para engravidar devido ao relógio biológico feminino. Para fechar o trio temos o Simon que conseguiu tudo em sua vida com muito esforço, mas sofre de uma doença em que seus dias estão contados. Lidando com todos esses problemas os amigos de Howard não podem esperar que ele se recupere do trauma, pois já aguardaram há dois anos.
Na produção a construção dos cenários e figurinos não traz nada diferente de qualquer outro filme natalino estreado em dezembro nos EUA, transparecendo o clima dessa época e das decorações, no entanto, o filme trabalha conceitos pesados de drama, então em um outro momento deveriam ter investido em algo mais ousado e que dialogasse com mais força o roteiro da produção, mas o que nos entregaram foi uma agradável e comum direção de arte, que poderia ser muito melhor utilizada para potencializar o drama.
A direção de fotografia também não se diferencia muito de sua arte, usando uma paleta de cores extremamente comum de filmes “feel good” de natal que já vimos por diversos anos sendo feitas com o exato mesmo visual. A princípio é possível considerar bonito tais imagens do filme, mas ao decorrer do longa começamos a perceber que ela em nada auxilia a narrativa e as atuações, é preciso comentar também de seus movimentos de câmera que passam despercebidos ao longo da história, há um grave problema aqui de falta de criatividade e técnica onde dificilmente nos lembraremos da fotografia.
O roteirista, Allan Loeb constrói uma história boa, porém não muito eficaz, a impressão que transparece é que ele queria contar várias histórias e impressionar o público, apesar de emocionar, as tramas se desenvolvem de forma desorganizada.
“Beleza Oculta” tem um elenco grandioso, mas não está bem sincronizado com a história que por mais que tente achar pontos para interligar os diversos núcleos, teríamos um material mais exitoso se fosse focado realmente em uma ou duas tramas, aqui o pecado foi o excesso de chavões melodramáticos.