E se uma criança de outro mundo cair na terra e ao invés de tornar-se um herói da humanidade, ela se transforma em algo muito mais sinistro? Parece um questionamento, mas essa é a premissa do filme “Brightburn”. Inspirado no Superman, Brandon Breyer (Jackson A. Dunn) cai na terra através de uma nave e é acolhido pelo casal Tori e Kyle Breyer (Elizabeth Banks e David Denman) que desejam muito ter um filho, o garoto parece normal, mas quem seria normal caindo de uma nave, não é meus  leitores? Com o tempo, ele começa a apresentar alguns comportamentos inesperados e seus pais normalizam a situação pelo amor que sentem pela criança, até que as coisas fogem completamente do controle…

Crítica: Brightburn - Filho das Trevas

Brandon Breyer tem um comportamento que o diverge dos demais colegas de classe, por ser superdotado e também ter uma certa dificuldade de se relacionar com as outras crianças e o único apoio que ele recebe vem de uma garota por quem ele acaba se apaixonando… O jovem passa a maior parte do tempo fazendo desenhos estranhos e na casa com os seus pais, a sua mãe Tori Breyer é uma mulher que se dedica a maternidade e ama o filho como se ele tivesse sido gerado pelo seu próprio ventre, o pai é um pouco mais pé no chão em relação ao garoto, mas ele está ausente na maioria das “situações estranhas”, aparecendo somente quando a mãe já resolveu o conflito e isso se repete exaustivamente, filho some, mãe o encontra e só depois o pai aparece. Essa dinâmica acaba se tornando previsível.

Em um filme de terror que se propõe a desconstruir um super-herói no mínimo tem que ter um roteiro sólido e entregar uma história segura para o público se convencer e ficar empolgado ou no mínimo despertar qualquer interesse pelos fatos que estão sendo apresentados. E de que mundo veio o garoto? Existem mais pessoas como ele? Ele apenas brotou numa nave com o intuito de destruir o mundo? Porque durante todo o filme não há mortes aleatórias o super-herói do mal foca apenas em matar as pessoas que não fazem o que ele quer.

O filme me lembrou um pouco de “Maligno” (2019), lançado no começo do ano, em ambos as mães se saem muito bem e são super protetoras, mas em “Maligno” o roteiro foi um pouquinho mais sagaz e deu um desfecho bem melhor para história, enquanto Miles é indiscutivelmente mais assustador que o Brandon de “Brightburn”.

A produção conta com James Gunn, que apesar de ser conhecido por filmes de super-heróis, ele já esteve envolvido em diversas produções de horror como “Madrugada dos Mortos”, “Tromeu e Julieta” e “Seres Rastejantes”. O roteiro é de Brian Gunn e Mark Gunn enquanto a direção fica por conta de David Yarovesky.

Em relação aos efeitos especiais o filme tenta se virar com o orçamento limitado e ele acaba se saindo bem em algumas mortes, mas no quesito super-herói deixa a desejar, nos voos e nos poderes. É claro que não eu esperava um padrão DC, mas algo mais elaborado teria enriquecido o longa.

Preciso me ater sobre o figurino do garoto que tem um conceito legal, mas pouco são os planos detalhes para que possamos ter uma noção maior de sua capa vermelha e sua máscara e quando a câmera finalmente lhe dava destaque, o garoto parecia que se transformava em uma espécie de “Shazam”, pois crescia num tamanho que não correspondia a sua idade.

É interessante o conceito de mesclar elementos de terror com super-heróis e isso poderia render filmes curiosos e interessantes, porém é preciso ter mais cuidado neste tipo de produção porque o resultado de “Brightburn – Filho das Trevas” não consegue atender as expectativas nem de fãs de quadrinhos e nem dos de terror, no entanto pode satisfazer um “pouquito” os que gostam de gore.


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