Chegou aos cinemas o reboot de “Brinquedo Assassino”, dessa vez dirigido por Lars Klevberg que reapresenta o famoso ícone do terror, “Chucky” para os tempos atuais e conseguindo renovar a franquia e entregar muita energia, sustos e horror para os fãs.

A história fala sobre Karen (Aubrey Plaza) e Andy Barclay (Gabriel Bateman), mãe e filho que passam a ser perseguidos pelo novo boneco de Andy.

Nessa nova versão, ao invés de ser possuído pelo espírito de um assassino, o brinquedo será um modelo defeituoso, cujo código de programação foi hackeado para aumentar suas tendências à violência e linguagem inadequada.

Crítica: Brinquedo Assassino (2019)

O roteiro tem dois primeiros atos bem calmos que nos apresentam a realidade complicada de Andy e da sua mãe Karen, além do convívio com o padastro Shane (David Lewis), um homem tóxico e desagradável.

A história começa quando Karen decide levar pra casa um modelo do boneco “Buddi” da Kaslan Corporation que por estar defeituoso foi devolvido na loja em que ela trabalha e ao invés de ser descartado, ela opta por presentear o seu filho com o brinquedo, no intuito de ajudar o jovem a se entreter já que ele não tem feito amigos desde a mudança.

Enquanto Andy brinca e se relaciona com Chucky logo ele começa a ver que há algo de estranho e sinistro com o brinquedo, pois ele assimila o que ocorre ao seu redor e aprende de maneira distorcida como ajudar seu “amigo” Andy.

É nesse cenário que o filme usa bem os aspectos da inclusão digital ao estilo “Black Mirror” e trabalha os diversos aplicativos e tecnologias da Kaslan que se conectam diretamente com Chucky, deixando o boneco robótico com acessos a todo um cenário maior do que era visto em filmes anteriores.

É na chegada do terceiro ato que tudo ganha um caráter mais insano e frenético do tipo que já vimos em “Brinquedo Assassino 3” e nas demais sequências, mas o fazem de uma boa maneira pois adicionam ação, horror e humor negro mas sem ser inconsistente com o que havia sido apresentado na trama até aquele momento.

Aubrey Plaza tem uma atuação bem convincente como Karen, com pequenos deslizes em certos momentos, mas o filme acaba realçando mais Gabriel Bateman como o retraído e confuso Andy que precisa lidar com muita coisa em sua realidade e se encontra na complicada situação de se confrontar com as atrocidades de Chucky.

Brian Tyree Henry como o policial Mike é outro personagem que ganha uma boa presença na trama, Henry é simpático e ao mesmo tempo passa uma impressão de cansaço e um certo comportamento anti-social, algo que acaba o conectando com o psicológico de Andy e com as mortes que surgem na história.

Mark Hamill já trabalhou durante anos dublando o “Coringa” em jogos e desenhos animados e aqui deu o tom para outro assassino carismático, a sua voz casa bem tanto quando é um boneco adorável, como também diverte e aterroriza como o Chucky que todos nós conhecemos e amamos.

Crítica: Brinquedo Assassino (2019)

A direção de fotografia trabalho bastante com sombras e tons de azul e vermelho, o que ajuda a realçar o boneco em vários momentos, há também um bom trabalho de ângulos e movimentos de câmera que desenvolvem o suspense e o terror em várias situações da trama.

Já a direção de arte é bastante comum e não tem muito o que dizer, os figurinos estão bons e adequados aos personagens sempre com cores vivas e os efeitos de maquiagem da produção são muito bem usados no segundo e terceiro ato da história e devem agradar os fãs do gênero. Talvez o maior problema esteja no design escolhido para Chucky, parece que ficou no meio do caminho entre a referência ao original e a atualização da figura de terror, assim acaba tanto agradando quanto desagradando em certas ocasiões.

A direção de Lars Klevberg foi um grande acerto, o diretor guia bem a evolução de Chucky e o elemento crescente de perigo ao redor de Andy, Mike e Karen e mesmo com mudanças abruptas e até colossais entre o segundo e terceiro ato, tudo soa com uma certa fluidez conforme o filme caminha pelo terror, humor negro e ficção cientifica.

“Brinquedo Assassino” é uma boa demonstração de como fazer um reboot funcional e interessante, a produção consegue se desvincular de muito do que tinha na franquia original e soube como se adaptar para os novos tempos ao mesmo tempo que mantém certos aspectos clássicos do personagem.

Trailer:

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
8
Atuações
8
Direção de Arte
7
Direção de Fotografia
8
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.