Caçadores de Trolls é com certeza uma das melhores séries animadas já feitas nos últimos anos, Guillermo Del Toro conseguiu criar e produzir uma obra divertida, tocante, engraçada e empolgante atingindo as crianças e adultos.

Assim como, havia dito no Primeiras Impressões da série, esse desenho na animado da Dreamworks em parceria com a Netflix trata-se de uma adaptação do livro de aventura e fantasia de Daniel Kraus e Guillermo Del Toro focado na história de dois amigos, James “Jim” Lake Jr. (Anton Yelchin) e Roberto Domzalski (Charlie Saxton), que acabam dentro de um mágico mundo de Trolls no submundo chamado Mercado dos Trolls, logo após adquirir um amuleto que o coloca como Caçador dos Trolls, agora ao lado de Roberto e do amigável Troll Aaarrrgghh (Fred Tatasciore) ele seguirá os conselhos do sábio Troll Blinky (Kelsey Grammer) e aprenderá a lutar e aceitar o herói que ele é para defender os Trolls do bem contra Bular (Ron Pearlman) e o diretor de sua escola Stricker (Jonathan Hyde), tudo isso enquanto ainda tem de se preocupar com a vida escolar, cuidar de sua mãe Barbara Lake (Amy Landecker) e tentar conquistar o coração de sua amada Clara Nuñes (Lexi Medrano).

No decorrer de seus 26 episódios da primeira temporada nós acompanhamos Jim e suas desventuras aprendendo e ficando cada vez mais forte e ao mesmo tempo que está sempre a se envolver em mais problemas fora e dentro da escola por ter essa vida dupla desconhecida para todos com exceção de Roberto. A trama ficou equilibrada em dois arcos diferentes, o treinamento e provação de Jim como Caçador de Trolls enquanto enfrenta Bular e Stricker, e no segundo que se aprofunda nas relações entre os personagens e a mitologia desse universo, chegando à um ponto que ele precisa enfrentar Angor Drot (Ike Amadi), um vilão muito mais calculista e manipulador que testa Jim e seus amigos ao mesmo tempo em que eles aos poucos se preparam para o perigo eminente do poderoso Gunmar (Clancy Brown) descobrindo também habilidades incríveis.

Recheada de humor, ação e aventura a série nunca perde o ritmo com episódios ótimos, sempre equilibrados entre a comédia e a pancadaria e alguns mais focados em um gênero do que em outro. O único deslize é que em pequenos momentos surgem capítulos que tendem a arrastar algo por um ou dois episódios devido à grande quantidade de episódios na temporada, mas nunca fica cansativo, mantendo algo relevante a ser desenvolvido até mesmo nesses momentos.

A direção de fotografia é um dos grandes acertos da animação com cores e luzes psicodélicas na representação dos poderes e do icônico “Mercado dos Trolls”. Dá pra se ver uma riqueza de detalhes e design deslumbrante com imagens de encher os olhos, já em outras partes o visual gráfico dos ambientes sombrios e escuros recheados de forte contraste ao redor dos vilões Bular, Strickler e Angor Drot e das Terras Sombrias, entre os dois o mundos.

Direção de arte e o conceito visual dos personagens é outro grande destaque, com cada elemento tanto de cenário quanto de personagem sendo demonstrado de forma rica e criativa a cada episódio que se passa, nunca repetindo e sempre se mostrando cada vez mais inovador na forma de inimigos e amigos, mostrando cada vez mais a força da mente criativa e visionária de Guillermo Del Toro em desenvolver personagens e cenários para um universo mitológico de fantasia.

O elenco possui nomes de peso que mantém a bela qualidade do seu início até o fim da temporada, há espaço para humor e drama em personificações incríveis dos atores da produção muito bem adequadas aos seus personagens, entre os atores e atrizes no elenco temos participações interessantes de Anjelica Houston como Rainha Ursuna, Ron Pearlman como Bular e Tom Hiddleston como Kanjigar, mas quem se destaca e muito na série é Anton Yelchin como o imaturo Jim, Kelsey Grammer como o sábio Blinky, Charlie Saxton como carismático Roberto, Mathew Waterson como o complexo Draal e Jonathan Hyde como Stricker um dos personagens mais interessantes e bem desenvolvido com sua personalidade que evolui de diversas maneiras e possui uma química incrível na relação de rivalidade que possui com o herói Jim, outra grande relação na animação está na amizade entre Roberto e Aaarrrgghh, outro personagem que ao longo da temporada explora cada vez mais camadas tanto de humor como drama, interpretado brilhantemente por Fred Tatasciore.

A direção consegue contar bem essa história aparentemente comum, mas recheada de camadas e diferentes gêneros, povoada por referências que vão desde quadrinhos e animes como “Lanterna Verde” e “Cavaleiros do Zodíaco”, até filmes e jogos como “Gremlins” e “Final Fantasy”, dotada de uma gama rica de personagens, arcos e subtramas ao longo de toda a temporada, dificilmente perde-se o ritmo e a força da saga de Jim como o Caçador de Trolls.

Outro fator muito interessante é a forma como os animadores desenvolvem a ação gráfica de seus episódios, uma luta nunca é igual a outra, sempre aproveitando ao máximo a fotografia e o design de seu universo com forte influência de videogames, personagens e mitologia característica da série, acompanhada de uma trilha sonora simples, mas adequada ao tom de aventura.

Ao final temos uma das melhores séries da Netflix de 2016, e uma das melhores séries animadas da Dreamworks até o momento, se “Como Treinar o Seu Dragão” é o ápice da técnica da produtora no cinema, “Caçadores de Trolls” é com certeza seu equivalente nas séries animadas, além de provar que Guillermo Del Toro possui um enorme talento e deveria ser mais valorizado pela indústria de entretenimento, apresentando uma promissora e empolgante série capaz de tocar o coração de crianças e adultos fazendo rir, torcer, e até chorar em alguns partes. Uma obra a ser acompanhada retratando valores como amizade, adolescência, remorso e segundas chances dentro de uma aventura de fantasia recheada de referências nerds para os velhos adultos e ensinamentos para jovens, “Caçadores de Trolls” impressiona até os últimos minutos com um final de temporada que nos deixa cheios de dúvida sobre o caminho que a saga de Jim seguirá a partir de agora, não perca tempo e vá já fazer sua maratona e assistir essa produção com o selo de qualidade Netflix.

REVER GERAL
Roteiro
8
Direção
10
Atuações
10
Direção de Fotografia
10
Direção de Arte
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.