Crítica: Caminhos da Memória

No filme, Nick Bannister (Hugh Jackman), um investigador particular da mente, que navega pelo mundo obscuro e fascinante do passado, ajudando seus clientes a acessar memórias perdidas. Tudo muda quando ele conhece sua nova cliente, Mae (Rebecca Ferguson), e se depara com situações inesperadas ao investigar seu desaparecimento.

Caminhos da Memória é dirigido por Lisa Joy que é co-criadora e produtora executiva da série Westworld da HBO e neste trabalho lança a sua carreira como diretora de longas-metragens, uma produção com a ideia original e protagonizada por um elenco de potencial como Jackman e Ferguson gera a expectativa no público, e comigo não foi diferente, mas conforme a trama vai se desencadeando o espectador vai perceber que temos uma história de romance com um pano de fundo em uma ficção científica.

Ambientada em Miami, cidade em que Nick reside após ter sido inundada pelo mar devido ao aquecimento global, um sobrevivente, ex-militar e atuante como o que podemos chamar de cientista, ele criou e conduz a utilização da máquina que embarca nas histórias em que “seus clientes” seguem a sua voz para acessar suas memórias. Este serviço é seu ganha pão, já que como não havia muito esperança do futuro, as pessoas se alimentavam da nostalgia. Até que ele conhece, Mae (Ferguson), se apaixona e se entrega completamente, porém ela desaparece sem explicações e inconformado com o seu desaparecimento ele busca respostas no passado.

O filme opta por andar em círculos, focando na busca um tanto obsessiva de Nick por pela Mae, que ao longo de suas investigações ele percebe que ela não é bem a mulher que se apaixonou, a busca começa a se tornar interessante devido as suas reviravoltas, mas o arco narrativo converte-se em enfadonho pelo looping que gira em torno do mesmo assunto.

Os diálogos explorados pelo filme são filosóficos, e a reflexão que fica é o fato de como as pessoas estão presas ao passado, o passado é a nossa raiz, mas será que conseguimos caminhar para frente sendo nostálgico? E quando a pessoa precisa reiniciar as suas atitudes passadas, ela sempre será assombrada pelo passado? O recomeço é difícil, pois as decisões escolhidas anteriormente estão sempre vivas na memória de alguém e parece que sempre tem uma pessoa para lembrar quem você foi ou quem você é, ou achar que você deve se manter a mesma pessoa a vida inteira, quando na realidade existe um mundo de possibilidades para explorar enquanto houver vida podem haver mudanças.

O roteiro é explicativo, o filme parece que terá um grau de complexidade como A Origem (2010), mas não tem, ele é contido, então se espera uma grandiosidade que não vai surgir, apesar da direção bem articulada de Joy e dos efeitos especiais bem empregados e as cenas de ação bem coreografadas, contrapartida sabe aquela comida que falta sal ou tempero? E o sentimento empregado é o longa foi vendido como algo tão inovador, mas no final das contas se trata de uma narrativa simplória.

As memórias fazem parte de nossa vida e nos edificam, algumas pendências dos acontecimentos passados precisam ser resolvidas e outras precisamos deixar de fato para trás, é preciso seguir nossos instintos, e não se tornar refém deles, nem sempre todo filme pode ser medido por sua complexidade ou por sua simplicidade, ele deve ser avaliado por sua execução, a proposta aqui deixa a sensação que pecou no ritmo, e não oferece novas perspectivas, o projeto ambicioso sofre com a sua falta de autenticidade.