O Cine Mundo chega agora ao penúltimo filme do homenageado desse mês com “Carrie, A Estranha” (2002), remake do clássico que adapta no formato de telefilme o livro de Stephen King de uma forma decepcionante e até bastante risível.
Como sabem, na história Carrie White (Angela Bettis) é uma jovem adolescente oprimida pela mãe fanática religiosa e que sofre diariamente com o bullying dos colegas do colégio, ao mesmo tempo ela se descobre detentora de habilidades psíquicas poderosíssimas.
Vamos começar pelo roteiro, que torna a produção extremamente cansativa, onde por diversos momentos pensamos ter uma duração muito mais longa, fora isso ainda há diversos furos na história, personagens surgindo no meio com grande importância sem terem sido devidamente apresentados, além de trabalhar muito mal as questões religiosas e o bullying, o que gera cenas dignas de qualquer clássico trash dos anos 80, mas falamos aqui de um filme que espera ser levado a sério e que é do ano de 2002. Percebe-se também problemas gravíssimos em sua trama, pois o longa até tenta inovar ao inserir um subtexto de um depoimento policial e narrando a história em flashbacks ao mesmo tempo em que moderniza com o uso da internet e outros elementos do ano, mas tudo se torna apenas conceitos mal elaborados no script confuso.
Como se não bastasse isso, ainda temos que engolir atuações e mais atuações terríveis e automáticas do elenco formado por Rena Sofer, Kandyse McClure, Tobias Mehler e Patricia Clarkson. A atriz que mais se sobressai é Emilie de Ravin como Chris Hargensen, a patricinha arrogante e mesquinha que faz o papel da antagonista de Carrie que é interpretará por Angela Bettis em uma performance que é de longe a pior de todo o filme, recheada de caretas, falta de intensidade dramática e muitos exageros que não consegue nos passar a complexidade da situação, nos fazendo rir em quase toda a sua performance.
Dito isso, é hora de falarmos de outro grande erro do filme que é em sua fotografia que no decorrer da produção traz cores apática com uma iluminação extremamente exagerada no passado, enquanto no presente usa-se um filtro batido e muito clichê de tom verde para a subtrama do depoimento policial, além de muitos ângulos e movimentos péssimos com uma câmera tremida que não faz o menor sentido para a narrativa, tirando qualquer profissionalismo do longa. Daria muito bem para acreditar que esse filme é um trabalho de conclusão de semestre de algum estudante novato no cinema.
Agora outro âmbito que se falha miseravelmente é na arte, com cenários que não nos dão a dimensão dos acontecimentos e nem conseguem ajudar a compor esse mundo de bullying, fanatismo religioso e poderes sobrenaturais, deixando muito a desejar para o seu público. O figurino também esteve bem fraco e automático no decorrer da história, já que usaram-se roupas que não conseguem nos conectar com a personalidade de cada um dos personagens e nem nos entregar elementos necessários para a narrativa, já que muitas dessas roupas já foram vistas em muitos outros filmes sobre colégio.
E para concluir, com tantos pontos negativos fica difícil defender o diretor que coordenou toda essa bagunça. David Carson não soube nivelar tantos erros e contorna-los durante o processo, além de direcionar muito mal seus atores.
“Carrie, A Estranha” de 2002 é um filme que se tivesse sido vendido como um trash seria um grande sucesso, mas como terror sério e adaptação de Stephen King ele é um imenso fracasso, quase no mesmo nível de “O Iluminado” de 1997, que assim como Carrie tenta trazer uma nova adaptação de um obra de King mas falha muito feio, o que levou Hollywood a pensar com muita calma e cuidado antes de viabilizar o remake de 2013 para que não se tornasse um desastre como esse de 2002.