Cinquenta Tons foi um sucesso literário e que ao ser adaptado para os cinemas sofreu várias retaliações a respeito do comportamento de Christian Grey (Jamie Dornan) com a Anastasia Steele (Dakota Johnson), principalmente devido ao momento em que a sociedade se encontra, debatendo diversas questões acerca do empoderamento feminino. Dessa forma, muitas mulheres consideram o relacionamento do casal abusivo, enquanto outras acreditam no amor do personagem e sonham em ter um homem que propicie os bens materiais que Grey concede à sua amada.

Crítica: Cinquenta Tons de Liberdade

Eu, particularmente, conheci a história através do primeiro filme lançado em 2015, que explorou a personalidade de ambos os personagens, acompanhado de uma trilha-sonora embalada em vários hits, mas repleto de problemas de roteiro e edição. Na sequência que estreou em 2017, os problemas aumentam, pois o roteiro era carente de história e os atores pareciam um pouco desmotivados, possivelmente devido as críticas que sofreram, além de contar com um excesso de soluções fáceis e cômodas e coadjuvantes que não acrescentam em nada à trama. Gravado paralelamente com o filme anterior, “Cinquenta Tons de Liberdade” é o terceiro e último longa da franquia, trazendo o retorno do casal, que agora se prepara para o casamento que marca o laço final da união entre os dois. Após a cerimonia, os dois vão precisar enfrentar muitos desafios para se manterem firmes devido ao conturbado passado de Grey.

Os atores Jamie Dornan e Dakota Johnson, precisaram de muita determinação para se envolverem em um projeto como esse, pois além de ser uma exposição grande, eles estão sujeitos a ficarem “marcados” por esses personagens e essa franquia decepcionante. Dornan consegue dar conta do seu papel e em Jadotville (2016), ele deixou claro o seu potencial para amadurecer como ator, enquanto Dakota ainda precisa melhorar muito as suas expressões, sendo que como Anastácia a atriz se perde entre a inocência da personagem e os aspectos apáticos, resultando em diversas cenas insossas. Sobre o elenco de apoio não há muito o que dizer, pois eles não são desenvolvidos no filme, além de possuírem poucas falas e quase nenhuma relevância para a história principal. O único que tem um pouco mais de destaque é Jack Hyde (Eric Johnson), que consegue cumprir bem a sua função.

Crítica: Cinquenta Tons de Liberdade

Por muitos momentos Cinquenta Tons de Liberdade parece ser um clipe musical recheado de ótimos hits e belas cenas do casal viajando de avião, lancha, barco e transitando por belíssimos lugares. A direção de arte faz um bom uso de seus figurinos, com Grey se mantendo como no primeiro filme, com os característicos ternos da franquia e o uso de calças jeans para seus momentos mais casuais, entretanto é em Anastácia que notamos uma certa evolução de sua personagem, pois agora as suas roupas atendem a realidade financeira de seu parceiro. Quanto à construção dos cenários foi mantido os padrões dos filmes anteriores, com locais limpos e organizados de uma forma rigorosa e simétrica.

A direção de fotografia trabalha aqui com tons mais coloridos e que se destacam nas cenas, contudo existem alguns momentos de tensão que tentam utilizar camadas visuais mais apáticas e com um certo excesso de sombras e contrastes que deixam tudo muito superficial e clichê.

Outro problema do filme é a sua montagem, que o deixa com aspecto picotado, parecendo que o longa não tem mais nada a dizer. No intuito de amenizar a fragilidade da história arrastada, a direção de James Foley tenta encher linguiça com diversos clichês e cenas desnecessárias. O roteiro de Niall Leonard não traz nada de novo e após o casamento e a lua de mel que acontecem em forma de clipe musical, temos os clássicos dilemas matrimoniais, como o desejo de não ter filho, por parte de Grey.

“Cinquenta Tons de Liberdade” é um filme que tem duas horas de duração, mas com a ausência de substância em sua história acaba sendo ruim. No final das contas, a sensação que fica é de que se tivessem adaptado os três livros em um único filme, e o mesmo fosse bem dirigido e editado, teríamos uma produção mais consistente nos cinemas.