Com Amor, Simon é uma adaptação do livro Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens, da escritora Becky Albertalli, publicado no Brasil pela editora Intrínseca. A história foca na adolescência, período no qual os hormônios estão a flor da pele e é preciso tomar várias decisões que podem ser cruciais para o futuro. Aos 16 anos, a grande decisão de Simon é se ele deve, ou não, assumir a sua homossexualidade, algo que o deixa muito inseguro diante de toda a cobrança e expectativas ao seu redor.

Crítica: Com Amor, Simon

Através de um fórum da escola, Simon Spier (Nick Robinson) conhece um internauta chamado “Blue” e começa a trocar e-mails com ele. Logo ele descobre que ambos compartilham do mesmo medo relacionado a orientação sexual reprimida. No entanto, uma das mensagens acaba caindo em mãos erradas, colocando em risco o segredo dos dois. Agora, Simon começa a ceder as chantagens de Martin (Logan Miller), no intuito de preservar a sua privacidade e o anonimato do seu amigo virtual.

Do outro lado temos a melhor amiga de Simon, Leah (Katherine Langford), além de Abby (Alexandra Shipp) e o Nick (Jorge Lendeborg Jr.), que acabam sendo envolvidos nas chantagens de Martin, dando a oportunidade de cada personagem ter o seu devido espaço e importância no desenrolar da trama.

Apesar de Simon ter receio em se assumir para as pessoas, ele não tem problemas para aceitar quem ele é, e isso é um traço muito interessante no roteiro. Outra questão positiva é que o filme sabe trabalhar bem os personagens, sem torna-los caricatos. Apesar de lidar com um assunto delicado, a história é tratada com uma linguagem que pode atingir vários públicos, contendo muitas semelhanças com as boas comédias românticas dos anos 90.

Crítica: Com Amor, Simon

Em tempos de tantos acontecimentos ruins e depois de todos os filmes dramáticos que são indicados ao Oscar, Com Amor, Simon é um dos poucos longas que aborda uma temática gay, sem colocá-la como uma história trágica ou que termine em alguma morte inesperada. O protagonista é um garoto que tem uma vida aparentemente perfeita, mas que guardava esse segredo por escolha própria. O ritmo que o filme vai ganhando se dá aos e-mails que ele troca com Blue (que, obviamente, eu não posso revelar quem é), mas que acabam sendo a motivação para que ele consiga se assumir para todos. O filme não é sobre o personagem se aceitar e sim sobre o processo de comunicar isso aos outros.

O filme também acerta na escolha do seu elenco, que flui muito bem, pois todos interagem com uma grande química uns com os outros. O destaque principal é de Nick Robinson que consegue desenvolver com maestria o temperamento de Simon, mas Jennifer Garner e Josh Duhamel também contam com cenas de emocionar, afinal eles são craques em comédias românticas.

A direção de fotografia é bem idealizada e se encaixa na proposta da produção, apostando muito em tons vivos de vermelho e azul, que criam um visual leve e descontraído. Já em seus ângulos e movimentos há um grande uso de closes para extrair a intensidade das atuações, além de planos conjuntos que trabalham as relações humanas dos personagens.

Crítica: Com Amor, Simon

A direção de arte também foi muito bem pensada com seus cenários e figurinos atuais do convívio juvenil do colégio, que é o grande palco da maior parte do desenvolvimento da trama, assim como o quarto de Simon.

Com Amor, Simon é uma produção caprichosa, que além de mostrar todo o processo de Simon para revelar que é gay, ele também entrega uma belíssima história sobre o primeiro amor. Com um roteiro bem escrito e que sabe mexer com as emoções, embalado de uma trilha-sonora contagiante e atores carismáticos, o filme consegue transmitir uma bela mensagem que pode ser compreendida por diferentes tipos de público.


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