A Conquista do Planeta dos Macacos (1972), dá continuidade a história de ‘Fuga do Planeta dos Macacos’, ao narrar a trajetória do filho de Zira e Cornelius, que no filme anterior foi chamado de Milo, mas nesse assumirá a identidade de César.
A partir do terceiro filme houve uma inversão na franquia, uma vez que no primeiro e no segundo os macacos estudavam os humanos e os colocavam em jaulas, enquanto no terceiro longa eram os macacos que passaram a lidar com os humanos no poder.
Já no quarto filme os humanos estão assolados pela possibilidade dos macacos um dia dominarem o mundo, pois eles costumam crer que toda criatura diferente de sua especie é uma ameaça e começam a indagar uma série de possibilidades de invasão e/ou dominação.
O filme é uma crítica social que se desenvolve pela história do falecimento de gatos e cachorros devido à uma praga, que faz com que os humanos procuraram por outro animal para domesticar, ou melhor, escravizar. Ao perceber isso, César não fica nem um pouco satisfeito, e ao se deparar com uma cena de maus tratos com um de seus semelhante, ele grita até que policiais o escutem e desconfiem de seu mestre, Armando (Ricardo Montalban). Assim ele resolve se entregar ao governo para não viver em fuga, e pede que César tente se enturmar com os outros macacos para que não gere desconfiança acerca de sua inteligência, porém ao invés disso, ele passa a desenvolver consciência dos animais e liderá-los rumo a liberdade.
O que aconteceu com os macacos neste filme, lembra o passado de escravidão da humanidade, então possivelmente o espectador deve se solidarizar com a causa dos animais. Percebemos aqui que existem seres humanos bons, assim como os ruins, como o Governador Breck (Don Murray) por exemplo, que exerce o papel de uma figura política de liderança, que possui um pensamento egoísta e acha que os macacos devem servir a ele e toda a população.
O elenco é focado em Roddy McDowall que faz o papel de César, o único macaco dotado de inteligência, e que precisa utilizar a expressão facial para demostrar suas emoções e manter sua fala contida. Roddy é o mesmo ator que interpretava Cornelius nos filmes anteriores e ele faz com excelência ambos os personagens. O Governador Breck vivido por Don Murray é o vilão da história que deseja o extermínio de todos os macacos e cumpre bem o seu papel de causar temor, enquanto MacDonald (Hari Rhodes) é um simpatizante dos macacos e, embora suas motivações não fiquem muito claras no início, ele representa a parte sensata da humanidade. Dos filmes anteriores o único personagem que é mantido na trama é Armando por conta de sua ligação com César.
A fotografia tem um tom cinza e sombrio que ajuda a nos situar dentro dessa distopia futurista, com nuances extremamente sombrias e apáticas fazendo o público aos poucos mergulhar na obscura e revoltante jornada de César. Outro fator bem curioso da fotografia está nos planos e enquadramentos, que em determinados momentos usa-se planos gerais para ter uma noção maior da rebelião e da escravidão dos macacos e em outros momentos opta-se por uma visão mais intimista e pessoal para evidenciar o sofrimento e as sensações vividas por eles em seus momentos penosos.
A construção do mundo está muito bem elaborada aqui, pois percebe-se o intuito de reapresentar a estética da franquia, seja através das instalações dessa realidade totalitária, ou dos figurinos dos soldados, escravos e homens do governo, que juntos trazem carisma para o filme. Já a maquiagem e efeitos especiais apresentam uma queda notável em comparação com as produções anteriores, perdendo um pouco de seu realismo palpável e se tornando menos críveis para o público.
Sobre a direção de J. Lee Thompson, ressalto que o diretor constrói com um toque apurado o ambiente sombrio e futurista do longa, sabendo como desenvolver César mesmo que por diversos momentos ele não diga uma só palavra, nos mostrando aos poucos como o personagem se transforma e como a rebelião se forma. O filme também conta com uma trilha sonora repleta de sons circenses, o que é bem interessante visto que o protagonista foi criado em um circo.
Podemos concluir que “A Conquista do Planeta dos Macacos” é uma das produções mais influentes da ficção científica e um dos melhores filmes da franquia até esse momento, sabendo aqui se reinventar e desenvolver um César que segue nos cinemas até hoje.