Crítica: As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian

A Disney investiu muito em “As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian”, mas, o filme em si não foi muito exitoso nas bilheterias, apesar de ter melhorado em alguns aspectos em relação ao filme anterior “As Crônicas de Nárnia – O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa” se tornando uma franquia destinada ao público jovem e adulto.

Após 1300 anos depois da última visita em Nárnia, Lucy (Georgie Henley), Edmundo (Skandar Keynes), Susan (Anna Popplewell) e Peter (William Moseley) retornam ao local que foi conquistado pelo rei Miraz, que não se conforma que o seu sobrinho seja o príncipe Caspian (Ben Barnes). Após o rei receber um herdeiro, o príncipe prevê que viverá tempos temerosos e decide fugir, no entanto, ele não imagina o que pode lhe aguardar na floresta.

A trama consegue desenvolver seus personagens ao mesmo tempo em que reapresenta o mundo de Nárnia, mostrando como tudo mudou drasticamente e introduzindo novos personagens no universo dos Telmarinos.

Todo o arco dramático de Caspian e de seu tio é mal construído e não conseguimos entender o lado do povo Telmarino, além de faltar apresentar melhor as motivações dos personagens mágicos envolvidos na história já que alguns eram aliados da feiticeira (Tilda Swinton) e que agora todos os seres místicos parecem unidos pela mesma causa, sem uma explicação.

Lucy (Henley) continua com dificuldades em desenvolver a sua expressão facial voltada para o drama e não ganha tanto espaço, já que a história tenta se dividir entre os demais irmãos, Edmundo (Keynes) parece ter resolvido o impasse com o irmão Peter (Moseley), mas, que não foi bem explicado, e Peter continua de certa forma “liderando” as decisões de seus irmãos, já Susan (Popplewell) permanece apática embora o retorno tente ajudar, a colocando em várias cenas e tentando engatar um romance dela com o Príncipe Caspian (Bem Barnes) que não tem carisma e nem parece muito empenhado. No quesito atuação Trumpkin (Peter Dinklage) se destaca por levar o filme nas costas em muitos momentos.

A direção de Andrew Adamson apresenta um trabalho mais conciso, os planos abertos apresentam sequências melhores e as cenas de guerra tem maior duração.

É perceptível que nessa produção houveram grandes melhorias na direção de arte, agora podemos acreditar melhor nas armaduras, figurinos e grandes cenários da aventura dando mais dignidade e respeito a obra.

No âmbito visual vemos também melhorias na variedade de movimentos e ângulos de câmeras que trazem um tom empolgante de aventura e ação, no entanto o mesmo não se pode dizer de suas cores escolhidas já que funcionam bem até certo momento em um tom sério, sombrio e colorido que combina com as propostas da história, entretanto a direção de fotografia entrega algumas cenas forçadas e destoantes do filme em seus momentos finais, o que estraga muito a experiência.

As Crônicas de Nárnia – Príncipe de Caspian tem elementos poderosos para trabalhar, mas, acredito que diante de uma época de Harry Potter (2001) e Senhor dos Anéis (2001) tornou o público mais exigente. Vale ressaltar, que é uma obra literária dificílima de ser adaptada e que trata de temas complexos, com um discurso religioso encravado em suas criaturas mágicas, é preciso muita delicadeza para trabalhar com esse material que deve ganhar vida novamente, pois a Sony confirmou ano passado ter os direitos da franquia cinematográfica baseada na aclamada série de C.S. Lewis.