Crítica: De Volta ao Planeta dos Macacos (1970)

“De Volta ao Planeta dos Macacos” quase afunda a franquia com seu roteiro desequilibrado, direção confusa e um protagonista sem carisma

Após o sucesso do primeiro filme foi oficializado a sequência “De Volta ao Planeta dos Macacos” e, é a partir daqui que a história tropeça em meio a erros estapafúrdicos e escolhas bizarras.

Na trama o astronauta Brent (James Franciscus) parte em busca do amigo Taylor (Charlton Heston) e acaba atravessando a linha do tempo para o futuro, lá encontra a parceira de Taylor, Nova (Linda Harrison) e descobre que seu amigo está desaparecido nesse mundo dominado por macacos inteligentes e uma sociedade subterrânea de humanos mutantes.

Pois bem, no roteiro desse filme temos duas narrativas, a primeira tem um foco dentro da jornada do humano Brent, amigo de Taylor que descobre o mundo dominados pelos macacos e tenta decifrar o mistério por trás do desaparecimento de Taylor, enquanto a segunda envolve um arco dotado de um texto armamentista e ditador do exército que convence a população de símios a irem rumo à Zona Proibida para descobrir que fim levou a vários símios desaparecidos.

O primeiro ato apresenta bem esses dois arcos, entretanto comete erros científicos pois a história é tomada por coincidências bizarras como no caso do astronauta que por acidente se perde na mesma época em que Taylor desaparece, e como se tudo isso não bastasse o desenvolvimento falha bem feio aqui, pois primeiro existe um descaso com Zira (Kim Hunter) e Cornelius (David Watson) que iniciam como influentes na trama dos dois arcos e em seguida desaparecem do filme e aos poucos todas as ideias sociológicas do discurso do exército se perdem no meio na falta de carisma do novo herói e exageradas revelações sobre a existência de humanos. Dessa forma o script foge completamente de muitas das ideias estabelecidas no primeiro longa, levando a um clímax que em seu desespero tenta a todo custo replicar o efeito chocante da conclusão do filme antecessor e fracassa de forma colossal.

A direção de fotografia não traz muita novidade, com a mesma paleta de cores alaranjada e desértica, e o uso de enquadramentos que representam o mesmo ambiente do filme antecessor focado em desenvolver planos conjuntos para se trabalhar as relações entre os personagens.

A direção de arte é um ponto favorável, pois a qualidade aqui não cai em nada. O filme conta com vestimentas e efeitos de primeira, que nos fazem acreditar, não só que esses símios são reais, como também em sua sociedade devido a seus figurinos, a diferença é que nessa sequência isso se adequá também a inusitada sociedade de humanos futuristas que são parte fundamental desse longa, com ótimas maquiagens e roupas bem interessantes. Foram construídos mais uma vez sets admiráveis para elaborar esse mundo pós-apocalítico, afinal são compostos de mínimos detalhes que vão desde os ambientes subterrâneos dos humanos e até os já mostrados locais vividos pelos inteligentes macacos.

No elenco retornam Kim Hunter, Maurice Evans e Charlton Heston e temos alguns novos integrantes como David Watson (que substitui Roddy McDowall), James Gregory, James Franciscus. Bem como se era esperado Heston, Hunter e Evans estão mais uma vez ótimos em seus papéis de Taylor, Zira e Dr. Zaius e tem uma atuação até que interessante de Gregory como o imponente fascista General Ursus, mas a falta de carisma de Franciscus como Brent é o que atrapalha boa parte da produção.

Agora para finalizar falemos da direção, sai Frankin J. Schaffner e entra Ted Post com uma mão um tanto desastrosa ao coordenar essa confusão, sem muita originalidade, ele tenta imitar certos elementos do primeiro, e por mais que diminua o número de sequência de ação, há uma série de erros que tornam esse filme um caos de estrutura e desenvolvimento.

“De Volta ao Planeta dos Macacos”, fica preso nos elementos do primeiro filme, tentando de toda maneira refazer cada um deles, portanto acaba por desperdiçar alguns bons conceitos, além de falhar em substituir seu icônico herói, resultando no abandono de todo o primor e riqueza do longa anterior, fazendo a franquia decair de uma forma desastrosa.

REVER GERAL
Roteiro
4
Direção
3
Atuações
6
Direção de Fotografia
5
Direção de Arte
7
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.