[Crítica] Dead of Summer – 1ª Temporada

Com uma divulgação que instigava fortes inspirações em Sexta-feira 13, Dead of Summer surpreende a todos e vai para o caminho do sobrenatural, abdicando de todos os princípios dos slashers clássicos dos anos 80, tendo inicialmente uma proximidade maior com a produção infanto-juvenil ‘Clube do terror’ e alguns requintes de ‘Sleepaway Camp’ .

 

Camp Stillwater

 

Ao assistir o episódio piloto, minha primeira visão foi em torno da direção de arte e trilha sonora que simplesmente foram incríveis e trouxeram uma nostalgia instantânea para quem acompanhou os filmes de acampamento da época oitentista. Esse foi sem dúvidas o ponto mais forte da série, pois ao longo de seus 10 episódios manteve a sua audiência inerte nesse período.

Ainda nos dois episódios iniciais percebemos que a essência do mal que assombra a região, é espiritual e não aparenta possuir um psicopata como de costume, isso por sua vez quebra drasticamente as expectativas de quem esperava ver esses jovens correndo de um maníaco com alguma arma inesperada. Ainda assim no decorrer da temporada a abordagem sobrenatural casa-se perfeitamente com a história de vida das personagens tornando a experiência bem desenvolvida, ao menos até certo ponto.

Falando na apresentação das personagens e seus respectivos desenvolvimentos flertamos com acertos e erros do roteiro e dos atores que possuem grande importância nesse processo de criação. Inicialmente ao optar em apresentar o passado de cada uma das personagens e mostrar esse reflexo no tempo atual, a série acerta pois esse recurso dramático funciona extremamente bem na hora de criar empatia por cada um dos jovens protagonistas. Porem após apresentados, nem todos são bem desenvolvidas no decorrer da trama e deixam a sensação de potenciais desperdiçados, até mesmo por suas mortes que abrem lacunas em seus arcos narrativos.

Por falar nas mortes, é necessário comentar que o roteiro acerta em não se apegar a nenhuma personagem, descartando diversos protagonistas no decorrer da trama, sendo portanto um grande diferencial em relação a outras produções ‘teen’. Ainda assim, muitas dessas mortes parecem ocorrer apenas para cumprir tabela e desperdiçam diversas oportunidades de recriar as clássicas cenas de perseguição que todo amante do terror gosta de ver. Por fim é valido ressaltar que a maioria, ou quase todas as mortes aqui são mal coreografadas e possuem maquiagens e efeitos nada sutis chegando a beirar o ridículo.

Agora vamos ao ponto mais deprimente que quase estragava tudo que a série tentava construir; A edição e seus efeitos especiais. Quanto a montagem temos diversos momentos em que o editor subestima a capacidade de raciocínio do público e faz questão de revelar a mesma mensagem em vários takes, como quando o vilão é revelado, momento esse que chega a ser empolgante, mas beira ao exaustivo por sua repetição desnecessária. Já os efeitos especiais são grotescos ao ponto de continuarem fracos mesmo que a série fosse de fato feita nos anos 80. Há momentos em que o diretor acerta em evitar exibição gráfica de CGI e deixar algumas mensagens apenas no subtexto da cena, porem os poucos momentos de ousadia são vergonhosos ao ponto de romperem a atmosfera tensa de algumas cenas.

 

Dead of Summer

 

Não posso deixar de comentar sobre a direção e as interpretações que oscilam entre momentos pifeis e outros surpreendentemente grandiosos para um cast tão jovem e inexperiente que não chega a ser um ponto notável mas é suficiente para convencer o expectador, o que já deixa a série um pé a frente de outras. Já a direção não pode ser isenta dos defeitos, pois todo setor que compõem uma produção audiovisual, aqui é inconstante e apresenta picos excelente e outras quedas terríveis na mesma proporção e até no mesmo episódio.

Agora antes de encerrar é preciso comentar separadamente os dois últimos episódios que praticamente salvam tudo que a série errou anteriormente. Antes daqui, tudo parecia estar caminhando para o mais comodo e clichê dos finais possíveis, porem é nos dois capítulos finais que toda a equipe parece trabalhar em sua maior sintonia sob o controle de uma direção que entrega o seu melhor e consegue extrair atuações convincentes de seus atores em momentos cruciais e difíceis de executar. Além disso é aqui no 1×09 que a série entrega um dos melhores plot twist que ela poderia fazer, finalmente trazendo a sensação icônica que foi descobrir o vilão de Sexta feira 13 parte 1 e Acampamento Sangrento. A cena de revelação é curta mas é bem executada e mesmo que tenha vindo acompanhada de alguns furos, ainda trouxe sem duvidas, o maior momento da série que fez valer a pena todo o tempo gasto anteriormente. O Season Finale entrega uma ‘final girl’ inesperada e bons momentos de perseguição que não chegam a superar o episódio antecessor, mas da um belo fim a história.

Dead of Summer é sem dúvidas a série com a maior  oscilação de qualidade em um período tão curto de tempo. Ainda assim apresenta personagens interessantes e bons momentos nostálgicos que fazem dela digna de ser assistida por todos seriadores que gostem de um terror oitentista.

Segue a Playlist com as musicas que compõem a trilha sonora da série.

 

REVER GERAL
Roteiro
5
Direção
4
Atuações
6
Direção de Fotografia
6
Direção de Arte
9
Criador e editor da Cine Mundo, trabalho com conteúdo online há mais de 10 anos. Sou apaixonado por filmes e séries, com um carinho especial por Six Feet Under e Buffy The Vampire Slayer.