Mary (Saoirse Ronan), ainda criança, foi prometida ao filho mais velho do rei Henrique II, Francisco II, e é levada para a França. No entanto, Francisco morre prematuramente e Mary é obrigada a retornar para Escócia, na tentativa de derrubar sua prima Isabel I (Margot Robbie), a Rainha da Inglaterra.
Escrito por Beau Willimon e dirigido por Josie Rourke, a trama parece requerer do espectador um conhecimento prévio de história porque no começo as coisas não ficam claras, até que com o passar do tempo nós conseguimos compreender melhor a proposta, ainda assim o desenvolvimento da história é fraco e os problemas do início vão se amontoando até o final.
Claro que temos duas grandes atrizes na linha de frente, Saiorse Ronan e Margot Robbie ambas indicadas ao Oscar, a primeira por “Lady Bird – A Hora de Voar” e a segunda por “Eu, Tonya”, filmes nos quais elas “destroem” na atuação, e apenas não levaram o prêmio, pois a estatueta foi parar nas mãos de Frances McDormand de “Três Anúncios para um Crime”, igualmente talentosa.
Aqui Margot está incrível, ela compreende completamente o que é ser uma rainha, desde o seu jeito de falar até a forma como se impõe e também por todas as transformações faciais que ela é submetida e que contribuem para a caracterização da personagem. Mary (Saiorse) é imponente, determinada e dona de si, tanto que acaba sofrendo várias represálias das pessoas que a cercam… Cada uma representa um lado da moeda, Elizabeth I (Robbie) é a razão, pois ela entende onde pode pisar, ela não quer perder o trono, mas paga um preço muito caro para ser respeitada. Além disso, ela ouve os seus conselheiros e segue tudo que lhe é imposto. Já Mary Stuart (Ronan) por mais “sangue azul” que seja ela não consegue aceitar as coisas tão facilmente, sempre lutando pelas seus ideais até o fim, mesmo que isso lhe traga consequências negativas.
O desenvolvimento do filme como já foi dito é um pouco falho, pois o roteiro ficou muito picotado e conflitos intensos são solucionados de forma muito rápida, apresentando um problema também na edição que parece esquecer-se de temas como: a conspiração do irmão, o seu casamento forçado e até mesmo o desfecho de Mary, que parecem correr contra o tempo. Na produção, o foco é a rainha Mary, e o encontro das “Duas Rainhas”, uma cena na qual as duas atrizes exalam talento e deveria ser o ponto forte da trama, mas acaba sendo comprometida devido ao ritmo.
Como é de costume em produções históricas, existe também um certo cuidado artístico da direção de arte em nos mostrar um visual deslumbrante das elaboradas vestimentas da realeza daquela época com suas diferentes classes sociais, tudo exposto através de inúmeros figurinos que nos contextualizam com a trama, o mesmo deve ser dito dos cenários que prezam por grande fidelidade aos eventos da história da França, ao mesmo tempo que trabalham muito bem a grandiosidade desses aposentos reais e todo o seu requinte e beleza. Ademais, é claro que se destacam os figurinos usados pelas rainhas Elizabeth I e Mary e a maquiagem de (Elizabeth I), conseguindo deixar até mesmo a belíssima Margot Robbie feia, acreditam?
O mérito em “Duas Rainhas” é claramente o seu visual porque temas como empoderamento feminino, crenças distintas, casamento arranjado e maternidade poderiam ter sido bem trabalhados em um roteiro consistente, mas acabam sendo pincelados. Ainda assim, a produção não deixa de fazer seus olhos brilharem pela escolha acertada das atrizes.