Relações humanas são complexas, podem ser passageiras, longas, marcantes, incríveis, boas ou ruins. Uma produção independente criada e dirigida por Joe Swanberg, “Easy” é uma série original da “Netflix” que fala sobre relacionamentos de uma maneira geral que ao longo de oito episódios trabalha diferentes tipos de histórias através de uma antologia com a participação de atores como: Dave Franco, Orlando Bloom, Elizabeth Reaser, entre outros.
Primeiro capítulo: A P**** do Estudo
A temporada inicia com o carismático casal vivido por Elizabeth Reaser e Michael Chernusque apresentando o dilema da inversão de papéis em que o homem fica em casa para cuidar dos filhos e a mulher tem sua vida profissional em alta. Os dois ainda tentam manter uma relação equilibrada no âmbito sexual buscando formas de apimentar a relação mesmo após 20 anos de casados. Um episódio divertido e que nos faz pensar sobre quando existe uma intenção de manter uma relação pode ser quebrado todo e qualquer paradigma que a sociedade impor.
Segundo capítulo: Cinderela Vegana
O segundo episódio conta sobre uma tentativa incessante de uma garota querer agradar a outra se apropriando de seus gostos, interesses e práticas para tentar satisfaze-la e no final das contas acaba sendo o que não é. A estreante Jacqueline Toboni faz uma ótima contribuição com uma personagem ativista praticante, lésbica e que não se depila e mesmo com os seus costumes não tem preconceito com a personagem Kiersey Clemons que come carne, não prática exercícios físicos, ou seja, são pessoas diferentes que vão viver um relacionamento apesar disto, a história é tratada de maneira agradável, o casal tem muita química trazendo o capítulo mais engraçado do seriado.
Terceiro episódio: Irmãos Cervejeiros
Nesse episódio explora-se a relação que um homem tem tanto com sua mulher onde lidam com a questão da gravidez dela, quanto com seu irmão e um grupo de amigos que tem um plano de montarem juntos uma cervejaria clandestina. Dividido entre sua mulher e seu irmão ele toma escolhas duvidosas para esconder seus planos, o que o coloca frente a frente com as consequências e um final inesperado.
Quarto episódio: Controlada
Lutou-se muito para que homens e mulheres tivessem direitos iguais e a luta ainda continua mas, é perceptível que em alguns relacionamentos falta equilíbrio e a mulher se coloca na posição de submissa. No quarto episódio será tratada a relação de um casal em que a mulher sempre satisfaz os desejos de seu marido até que um ex-namorado aparece na sua vida e faz com que ela reflita sobre quem realmente é, seus gostos e suas vontades, porém existe uma série de questões na cabeça dela que refletem em um desfecho surpreendente.
Quinto Episódio: Vida e Arte
Nessa história somos apresentados à realidade da vida de um ilustrador de graphic novel que sempre se utilizou de seu cotidiano e das pessoas com quem convive para criar seus trabalhos, sem se importar em como isso afeta aos outros até o momento em que ele se relaciona com uma jovem artista moderna que o usa em suas obras, fazendo ele se confrontar com o peso de seus atos passados além de, demonstrar um choque de gerações entres os dois artistas.
Sexto Episódio: Utopia
Talvez essa seja a premissa mais ousada de todo o seriado ao retratar um casal que vive bem, feliz e acima de tudo se amam mas, que desejam viver novas experiências sexuais e para isso eles vão recorrer ao uso das novas tecnologias, o famoso aplicativo chamado Tinder. Assim buscam realizar uma das fantasias que mais mexe com o pensamento dos homens, “Ménage à trois”. Nesse caso a ideia parte da mulher que é segura e pretende compartilhar dessa experiência com seu marido, cenas sem pudor serão exibidas que transmitem o prazer do momento e com atores consagrados no universo cinematográfico.
Sétimo episódio: Artigo de Química
Esse talvez seja o conto sobre relações mais desorganizado dentre todos da temporada, pois ele tenta fazer ligação das histórias, mas poderia ter focado em apenas uma ou ter se utilizado dos personagens apenas como pontas e não para desenvolver um arco, já que não há tempo suficiente para isso, uma vez que, cada episódio tem em torno de meia hora de exibição e aqui foram levantadas questões como a chegada da velhice, uma decisão de separação e o dilema de priorizar a vida profissional ao fato de ser mãe.
Oitavo Episódio: Sonhos
Para trabalhar melhor a temática dos irmãos da cervejaria clandestina apresentados no episódio três, a temporada finaliza com uma nova história no mesmo universo dando continuidade à trama de “Irmãos Cervejeiros”, só que agora o foco está em desenvolver as relações pessoais e de trabalho dos dois irmãos, além de suas semelhanças e diferenças, paralelo à isso se desenrola uma subtrama de gravidez e responsabilidades envolvendo o personagem de Dave Franco fazendo com que precise repensar algumas atitudes, mais do que tudo esse episódio comprova haver muito carisma e força para drama e comédia nesse pequeno mundo dos irmãos da cervejaria com grandes personagens e ótimas atuações.
Seja nos episódios voltados para o drama ou naqueles onde se explora o humor, a direção de fotografia sabe como se adequar ao ponto de trazer alguns níveis de realidade e crueza sem perder o tom descontraído em diferentes paletas de cores escolhidas.
A trilha e som está sincronizado também sabendo a hora certa de sua ausência para intensificar o roteiro, direção e atores e trazendo uma música alternativa para conclusão de cada episódio.
A série passa por várias perspectivas de um relacionamento seja familiar, amoroso ou de amizade de forma moderna, levantando temáticas atuais e que poucas vezes são abordadas de maneira tão real. Na trama parece que todo o elenco está a vontade se sentido livre para poder fazer o seu personagem e o fato do criador ter roteirizado e dirigido os episódios talvez tenha feito com que não houvesse perda na qualidade de sua produção, tudo é muito linear, o elenco está muito empenhado em fazer o seu melhor e tem material para trabalhar, a sensação que temos ao assistir é de liberdade e todos os levantamentos são pertinentes e cabem no universo do homem, da mulher, ou seja, de qualquer pessoa, pois todos nós nos relacionamos entre si.
Easy é tocante, profundo e proporciona a quem assisti uma visão mais além da vida cotidiana, é um deleite para quem aprecia uma boa “dramédia”.