As relações poliamorosas ainda são ‘tabu’ em nossa sociedade. Poucas pessoas optam por esse tipo de relação, alguns vivem e assumem, outros não, pois é uma situação que requer um enfrentamento de barreiras muito grande, já que a sociedade ainda não compreende muito bem um relacionamento composto por três pessoas.
‘Eu, tu e ela’ chegou a sua segunda temporada seguindo com os mesmos personagens e abordando a história de Emma (Rachel Blanchard), Izzy (Priscilla Faia) e Jack (Greg Poehler), que precisam se entender e desmitificar o funcionamento de um relacionamento a três, já que o casal Emma e Greg tem uma vida profissional estável, moram em um bairro ‘careta’ e possuem amigos tradicionais. Ao final da primeira temporada ficamos na incerteza se eles iriam decidir assumir a relação com a Izzy, lembram? Pois o casal opta por continuar com a moça, porém não sabem muito bem como dar continuidade a relação. Eles a querem aparentemente para momentos convenientes e quando não acham interessante ficar com ela, decidem dispensa-la.
Aqui a ausência de equilíbrio na relação é explorada em vários âmbitos, Izzy quer ser reconhecida e quer que assumam uma relação como trisal, para isto, eles precisam assumir para seus amigos e para os pais de Emma. Nesse momento o seriado começa a apresentar uma série de problemas que podem ser enfrentados em uma relação poliamorosa, o que é super relevante, e acaba aproximando a trama da realidade que algumas dessas relações enfrentam no inicio.
Contudo, o terceiro membro de uma relação à três não pode ser resumido apenas na cama, ou em momentos particulares, pois ela não é um brinquedo, ela é parte integrante da relação e precisa estar presente em reuniões de amigos, momentos com a família e até ter um filho em comum, como é o desejo do casal desde a temporada anterior.
Como dito anteriormente, o elenco se mantém, o que é ótimo para que possamos desenvolver empatia pelos personagens. Nessa temporada, Emma expõe mais o seu lado profissional e continua demonstrando ser mais intensa e devotada à Izzy, que diferente de Emma não parece muito focada em sua vida pessoal. Já Greg, depois de ter largado a sua carreira encontra-se meio arrependido, e acaba voltando para área da educação, quando é surpreendido por sua ex-namorada, que nunca havia sido mencionada e que não acaba convencendo muito em sua aparição relâmpago. É desenvolvido também o sentimento de exclusão por um dos envolvidos na relação, além de situações que colocam em risco o relacionamento de Emma e Greg.
Lori Matherfield (Chelah Horsdal) e Ava (Laine MacNeil) continuam com a conturbada relação de mãe e filha e funcionam como uma espécie de vilãs, mas que vão tentando encontrar o seu espaço na vizinhança. Andy (Jarod Joseph) e Nina (Melanie Papalia) vivem um romance completamente blasé, que serve apenas de arco para mantê-lo no seriado. Carmen (Jennifer Spence) e seu marido ganham mais espaço para demostrarem o cotidiano de um casal que precisa se renovar após a chegada dos filhos e com isso protagonizam ótimas cenas.
A série continua sem inovar nos enquadramentos e movimentos, apenas tem uns close-ups bem interessantes e mantém as paletas de cores vivas para os momentos de intimidade entre os três e costuma ser mais neutro quando há diálogos dramáticos e extensos. Quanto aos cenários e figurinos, continuam mantendo o mesmo estilo para serem fidedignos a personalidade de seus personagens.
“Eu, tu e ela” apresenta uma temporada mais madura que parecia estar caminhando para um final definitivo, quando a atitude de um personagem muda completamente o destino de Emma, Greg e Izzy e pelo que parece vai garantir um novo arco para o próximo ano.