Mais um filme de Tom Cruise chegou aos cinemas, “Feito na América” dirigido por Doug Liman, (Identidade Bourne e No Limite do Amanhã), assim como a maioria dos filmes do ator, esse se mostrou ser mais uma ótima diversão para o público que conta com a clássica injeção de adrenalina que Liman tem em seus projetos e acaba ajudando ainda mais no desenvolvimento desse longa.

A produção é baseada em fatos reais, e conta a história de Barry Seal (Tom Cruise), piloto entediado que é contratado pela CIA e vê sua vida mudar completamente, alcançando sucesso e subindo de vida. Seal traficou armas, drogas, e esteve até envolvido com DEA, Pablo Escobar e a Casa Branca.

O roteiro de Gary Spinelli ficou muito bem montado, ainda que soe como aquele típico filme hollywoodiano sobre a ascensão e a queda de um fora-da-lei carismático, contudo Spinelli consegue condensar toda a trajetória de Seal em pontos específicos e bem desenvolvidos, pois existe velocidade nos diálogos e nas sequência, sendo que o filme, assim como a vida do protagonista, não parece perder tempo com pausas, afinal sempre há um conflito, humor, ou tensão, ainda que às vezes um se sobressaia sobre o outro. O problema está no terceiro ato que poderia ser mais curto, pois a história parece se prolongar um pouco mais do que o necessário.

O longa pode parecer frenético demais à primeira vista, mas esse estilo se mantém bem graças a Domhnall Gleeson como o divertido e incomum agente da CIA Monty Schafer e Tom Cruise que vive Barry Seal, o piloto e anti-herói do filme.

Cruise é arrogante, carismático e um tanto atrapalhado, algo que o ator já está acostumado a fazer em diversos outros papéis, mas aqui funciona muito bem para a proposta, pois ele convence ao transmitir seu desespero e tensão, acerta no timing cômico e sabe carregar o longa como protagonista. Gleeson também está muito à vontade como o estranho e engraçado Schafer, sempre agindo por cima de Seal, manipulando ele da forma que for necessária. O restante do elenco tem pouquíssimo tempo para se desenvolver, e são bastante rasos, o charme se concentra apenas nesses dois atores.

Os aspectos técnicos auxiliam muito nesse tipo de filme, como por exemplo em sua direção de fotografia, que explora ângulos intimistas e pessoais em frequentes cenas com handycam, ao mesmo tempo em que utiliza movimentos e cortes rápidos, algo que nos imerge na jornada do protagonista, além das cores, que também sabem emular o estilo dos anos 70, facilitando a aproximação com o público.

Assim como a fotografia, a direção de arte também está ótima, trabalhando bem desde o design de cenários da época, como também nos figurinos de cada um dos personagens. A impressão que se têm do começo ao fim é de realmente estar na turbulenta década de 70.

Para finalizar ainda tem um ponto que contribui muito, a direção do longa, nada disso sairia de acordo com o script se não fosse o estilo e linguagem que Doug Liman possui. Como já havíamos visto antes em seus filmes de ação, ele sabe desenvolver e evoluir seus personagens a partir do conflito, o que torna esse um prato cheio para se deleitar em sua agilidade característica, além de já ser bem acostumado a dirigir Tom Cruise.

Conclui-se que “Feito na América” desde seu início com as clássicas chamadas das produtoras daquela época, até a conclusão apresentada com os créditos dignos de filmes setentistas, somos bombardeados com conflitos, piadas, carisma e muito ritmo, que mesmo que lembre outros filmes, se prova essencial por ser a primeira dramatização de Barry Seal e graças à abordagem utilizada aqui, foi garantido o sucesso, resultando em um filme empolgante, divertido e que merece ser visto nos cinemas.

REVER GERAL
Roteiro
7
Direção
7
Atuações
7
Direção de Fotografia
8
Direção de Arte
7
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.