Crítica: Fuga do Planeta dos Macacos (1971)

'Fuga do Planeta de Macacos' é uma ficção científica que equilibra questionamentos sociais com comédia e carisma ao estilo “Sessão da Tarde”

Após o fiasco do segundo capítulo da franquia, é lançado o ‘Fuga do Planeta dos Macacos’, que retoma personagens como Zira e Cornelius fechando alguns furos do filme anterior e dando início a uma nova linha temporal.

Na trama Cornelius (Roddy McDowall) e Zira (Kim Hunter) embarcaram na nave de Taylor (Charlton Heston) e junto de Dr. Milo escaparam da destruição do planeta Terra voltando no tempo para o século 20, lá são tratados como celebridades mas não demora para serem perseguidos pelo governo que teme o futuro que os espera.

O roteiro do filme tenta colocar a saga de volta no lugar ao se distanciar do arco dos humanos mutantes e se aproximar da ótica dos símios nessa obra que torna Cornelius e Zira seus protagonistas. A história se desenvolve bem ao narrar as desventuras dos dois em um mundo dominado por humanos que questionam cada detalhe de seu universo fazendo um paralelo entre a sociedade deles e a dos humanos.

No elenco retornam Kim Hunter e Roddy McDowall como a forte e esperta Zira e o carismático e divertido Cornelius que no longa estabelecem uma boa química com os humanos Dr. Lewis Dixon e a Dra. Stephanie Branton, vividos muito bem por Bradford Dillman e Natalie Trundy. Há também um bom antagonista em Dr. Otto Hasslein, interpretado por Eric Braeden que se torna um crescente perigo na trama e na vida de Zira e Cornelius.

A trama se desenvolve bem no estilo de sessão da tarde, com muito humor e carisma, nos fazendo esquecer do caos que foi o filme anterior e mesmo que não se igualando ao primeiro, ele sabe enriquecer a mitologia da franquia com mais detalhes sobre a evolução dos macacos e o declínio da sociedade humana, ao mesmo tempo a produção diverte ao mostrar Zira e Cornelius como grandes astros, deslumbrados com a cidade, participando de passeios e eventos. Todavia esse ambiente lúdico logo dá espaço para reflexões sobre o comportamento social conforme o governo descobre sobre os fatos futuros do planeta Terra e tenta a todo custo eliminar Zira e Cornelius.

A direção de fotografia não traz nada fora do comum dos outros filmes apresentados no que diz respeito as sequências e enquadramentos, a diferença é que agora se usa mais cores vivas no intuito de reforçar esse lado leve e cômico e inserindo esse novo tom na história de Zira e Cornelius.

A direção de arte se mantém a mesma dos outros filmes, com uma boa representação dos dois personagens em maquiagens e efeitos, já quando o quesito é desenvolver suas construções e cenários, a produção apresenta um ar meio automático, com visuais apáticos da cidade de Los Angeles e das instalações governamentais.

A direção de Don Taylor é segura e consistente, mesmo não sendo marcante como se espera, ele soube conduzir bem a história de ficção científica de tom bem humorado dirigindo seu elenco e coordenando bem a trama do terceiro capítulo da saga dos símios.

Podemos concluir que “Fuga do Planeta dos Macacos” apaga os terríveis erros de “De Volta ao Planeta dos Macacos”, adiciona novos e cruciais elementos para que a saga se desenvolva futuramente, arranca risadas, alguns debates e funciona como um bom entretenimento e, apesar de sua qualidade ser bem distante do filme original, de certa forma coloca a franquia de volta aos trilhos.

REVER GERAL
Roteiro
8
Direção
7
Atuações
8
Direção de Fotografia
6
Direção de Arte
6
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.