[Crítica] Grace – A Princesa de Mônaco

Grace – A Princesa de Mônaco se propõe a contar um pouco da história da estrela Hollywoodiana Grace Kelly que largou sua vida de atriz para se casar com o Príncipe de Mônaco, Rainier III. O filme é baseado na obra literária de Jeffrey Robinson amigo da família Grimaldi, o livro foi lançado pela primeira vez em 1989, relançado algumas vezes, a mais recente em 2013, com algumas mudanças e um prólogo escrito por Nicole Kidman, atriz que a protagonizou no cinema. Esta é a única obra literária sobre a vida de Grace Kelly que conta com a colaboração de seu marido e os três filhos do casal.

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Severas mudanças ocorreram na adaptação, alterações necessárias para alimentar o conteúdo narrativo, porém criticadas pelo principado de Mônaco que acusa o filme de ter mentido para obter mais sucesso comercial. E para os leitores da obra de Jeffrey Robinson fica claro que quase nada foi aproveitado na obra cinematográfica. O filme narra o caminho de Grace para se tornar oficialmente uma princesa logo após seu casamento, ela tenta se acostumar a vida que escolheu viver.

Embora a questão política seja relevante para compreendermos a importância de Grace dentro do cenário francês, acredito que o roteiro pecou em dar tanto espaço aos engravatados de Mônaco, o público alvo da obra se interessa em conhecer Grace, ver como era seu dia a dia, como se portava com o marido e com os filhos, quais eram seus objetivos e angústias, entretanto vemos muitas cenas de várias pessoas que não nos interessam falando sobre política e negociações que não são suficientemente relevantes para terem um valor histórico. O roteiro é um conjunto de tentativas frustradas em construir uma narrativa de cunho histórico biográfico com tramas, intrigas e traições desempenhando o único objetivo de manter o público interessado.

O filme aborda uma Grace infeliz, perdida no palácio que escolheu pra morar, e expõe o Príncipe Rainier como um homem de negócios frio e sem tempo para família, entregada por um Tim Roth apático. Enxergo que Nicole Kidman se desempenhou muito bem com o que o roteiro limitado lhe permitiu, a forma de falar, os trejeitos, o andando eram só remotamente semelhantes à Grace, o que pode ter incomodado muita gente, mas para mim, atribuiu naturalidade à sua atuação, que em síntese é sutil e apreciável.

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Com exceção do trabalho de Nicole e do figurino usado pela atriz, nada nessa obra pode ser aproveitada, não a recomendo para fãs de Grace que buscam uma homenagem, um tributo à estrela dos anos 50, não a recomendo para quem gosta de biografias, pois sua narrativa centra-se num curto período de tempo sem muitas informações históricas. Aos que admiram a atriz Nicole Kidman, sugiro que deem uma olhada no filme sem muita pretensão e testemunhem mais uma vez seu talento.

Grace – A Princesa de Mônaco é um filme esquecível e irrelevante que não se sustenta em nenhum aspecto sem o auxílio da leveza de Nicole, é lento, mal direcionado e sem foco, em momento algum o filme justifica sua existência, o que é uma pena, pois guardava boas expectativas para esse trabalho tanto por Kidman quanto por Grace Kelly, a moça perfeita que viveu seu conto fadas e foi embora levando consigo sua Graça e seus olhos azuis.

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