Crítica: Guerra dos Mundos (2005)

O conceituado diretor Steven Spielberg é referência na história do cinema, com sucessos que marcaram época como: ET (1982), O Resgate do Soldado Ryan (1998), Minority Report (2002) e anos depois de grandes sucessos, precisamente, em 2005 trouxe aos cinemas “Guerra dos mundos”, que é baseado no livro de mesmo nome, escrito por H. G. Wells.

A história do filme fala sobre um homem divorciado, Ray Ferrier (Tom Cruise) que tem um casal de filhos, mas não parece estar preparado para exercer as responsabilidades paternas. Durante um final de semana, sua ex-esposa (Miranda Otto), leva Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning) para passarem um tempo com o pai, apesar de ambos não terem muita afinidade juntos.

Cruise apresenta um bom trabalho, Fanning mostra que tem talento desde sempre, fazendo uma personagem que é uma criança com mentalidade de adulta, junto com Tom eles formam uma bela dupla. A química entre os dois foi favorecida pelo roteiro de David Koepp e Josh Friedman, quando decidiram tirar Chatwin do caminho, já que o garoto não estava tão preocupado em salvar sua pele e sim, em fazer algo pelas pessoas. O roteiro traz algumas semelhanças com o livro e também tem a liberdade de tomar diferentes decisões.

Em sua direção de fotografia entregue nas mãos de Janusz Kaminski, encontramos diversos elementos rebuscados escolhidos para se transmitir o visual científico e aterrorizante da adaptação literária. O filme inicia usando tons de luzes fortes e estouradas com cores azuladas e um tanto apáticas. Mas, conforme a invasão dos tripods se agrava, o ambiente ganha tons cheios de contrastes, sombras e jogos de luzes, que junto dos efeitos especiais brincam com a tensão psicológica e física dos personagens, e claro não podemos esquecer dos grandiosos takes que a câmera capta, com diversos movimentos que vão desde panorâmicas até elaborados planos sequências, dando a grandiosidade necessária para a luta pela sobrevivência do protagonista. Esse é um dos poucos filme que podemos dizer que é quase completo em suas técnicas de fotografia.

Também existe uma certa evolução da direção de arte ao longo da história. No início somos apresentados a roupas que trazem boas referências para as personalidades e classes sociais dos personagens principais, entretanto percebe-se como se alteram conforme os protagonistas trafegam por destruições e por fortes momentos de tensão com outros humanos durante a ação. Porém, o ponto alto está na forma escolhida para construir os cenários de tais combates e os momentos em que a destruição se faz presente, sendo que um dos melhores e mais elaborados é a cena em que os protagonistas se abrigam em uma casa e ao saírem encontram uma completa destruição, marcada pelos contrastes de cenários. Não podemos esquecer de como criaram e desenvolveram o design das máquinas e dos próprios alienígenas, trazendo com fidelidade os visuais retrógrados das ilustrações do livro que, apesar de terem sido imaginados há muito tempo, ainda conseguem passar credibilidade e realismo.

Outra detalhe marcante é que o filme também é dotado de ritmo, não se tornando cansativo mesmo com a sua longa duração. Mais um ponto que considero positivo é a questão do drama familiar, em que o personagem se transforma após a situação vivida e passa a enxergar os seus filhos com outros olhos, o que para muitos pode parecer clichê, mas acredito que tentaram e conseguiram transmitir uma mensagem auspiciosa. O problema mesmo ficou por conta de não explicarem melhor sobre a origem do conflito, ou seja, falar mais sobre os tripods, que por duas vezes foi dito que eles já estavam no planeta há tempos, mas poderiam ter sido melhor explorados, mostrando como eles chegaram até a Terra.

“Guerra dos Mundos” foi indicado ao Oscar de “Melhor Mixagem de Som”, “Melhor Edição de Som” e “Melhores Efeitos Especiais”, mas não chegou a faturar nenhum dos prêmios. O filme também dividiu muitas opiniões na época de seu lançamento, porém de uma coisa não podemos discordar, Spielberg apresentou um entretenimento com riqueza em seu material visual e sonoro que não chega a ser o melhor de sua carreira como diretor, mas não pode ser completamente descartado.