Crítica: Halloween III – A Noite das Bruxas

Apesar do roteiro confuso e desconexo, “Halloween III” garante muita diversão e horror para o público.

Dando continuidade às críticas do homenageado do mês, temos “Halloween III – A Noite das Bruxas”, uma produção considerada um grande fracasso por muitos fãs da franquia apenas por não ter o grande vilão Michael Myers e também por ter uma trama desconexa dos filmes anteriores, contudo o longa está longe de ser o pior da franquia.

Primeiro é preciso contextualizar, com a morte de Michael Myers em “Halloween II” e a falta de interesse de John Carpenter e Debra Hill, a Universal seguiu adiante com o plano de transformar a marca “Halloween” em uma antologia de filmes de terror sobre o Dia das Bruxas ao estilo da série “Além da Imaginação”, usando histórias desconexas e sem trazer uma continuidade como tinha sido feito anteriormente.

Crítica: Halloween III - A Noite das Bruxas

Dito isso, a trama do terceiro capítulo fala sobre Dr. Dan Challis (Tom Atkins), um médico local que se depara com uma conspiração para trazer o fim da espécie humana, ele, juntamente com Ellie (Stacey Nelkin), uma jovem cujo pai foi morto recentemente, investigam a misteriosa fábrica de máscaras de Dia das Bruxas, Silver Shamrock administrada pelo intrigante Conal Cochran (Dan O’Herlihy) que parece ter objetivos sombrios com essas máscaras.

O roteiro não apresenta bem seus personagens e acaba por passar uma sensação de apatia, o que dificulta que mergulhemos no terror e suspense, além disso ele ainda demora um pouco para engatar e criar o ritmo necessário tornando boa parte da produção extremamente arrastada. Somente do meio em diante que o filme prossegue bem, mas é ai que surge outro problema, pois a história passa a flertar com outros gêneros como ficção científica e o sobrenatural, e usa algumas ideias e conceito curiosos e promissores ao redor do mistério da fábrica e das máscaras, mas devido suas soluções baratas e exageradas, a resolução torna-se confusa e não compreendemos muito bem o porque dos acontecimentos, deixando várias dúvidas no ar a respeito da natureza dos vilões.

No elenco temos nomes como Tom Atkins, Stacey Nelkin, Dan O’Herlihy, entre outros. As atuações são bem aceitáveis, contudo apesar de boa química, não há nada que se destaque com as performances de Atkins como Dr. Dan Challis e de Nelkin como Ellie, servindo apenas para conduzir a história para o show de horrores mostrado na tela. Por outro lado, o Dan O’Herlihy como Conal Cochran rouba a cena nos fazendo lembrar daqueles clássicos e enigmáticos vilões de filmes B com uma mistura inusitada de carisma e obscuridade que combinam muito bem com a estética bizarra e sombria.

A direção de fotografia se mantém no padrão dos filmes anteriores com sombras, pouca iluminação e tons neutros de cores como laranja e azul, o destaque fica por conta de como são conduzidas as sequências que antecedem as mortes, com planos e ângulos que prendem o público até o momento que nos surpreendem com uma cena estranha e assustadora.

Crítica: Halloween III - A Noite das Bruxas

No geral os figurinos são condizentes com a natureza dos personagens mas, são bem comuns e não há muito o que acrescentar para a narrativa, o cenário segue pelo mesmo caminho nesse quesito, entretanto, é perceptível o belo trabalho de maquiagem e efeitos que dão a dose correta de horror e bizarrices que o roteiro precisa, sabendo impactar o público com cenas de mortes nojentas, criativas e divertidas.

A direção de Tommy Lee Wallace (“It – Uma Obra-Prima do Medo”, “A Hora do Espanto 2”) soube explorar bem as loucuras do roteiro e suas oportunidades para cenas de suspense e horror, contudo, faltou uma mão cuidadosa para o desenvolvimento e apresentação dos personagens que funcionam mais como objetos de cenas do que como pessoas.

“Halloween III – A Noite das Bruxas” não faz jus ao nome icônico da franquia que carrega, mas ele até poderia ter sido melhor aproveitado se fosse lançado como um filme original sem ligação com essa franquia, afinal ele possui algumas ideias e conceitos muito bons para o gênero, mesmo com seu roteiro confuso e desconexo, ele acaba por entregar uma boa diversão para quem curte um horror bizarro no estilo anos 40 e 50, mas com certeza não deve agradar ao fãs de “Halloween” ou do gênero próprio slasher.

REVER GERAL
Roteiro
3
Direção
6
Atuações
5
Direção de Arte
7
Direção de Fotografia
5
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.