Crítica: Herói de Sangue

Em Herói de Sangue que chegou aos cinemas, acompanhamos uma história durante a Primeira Guerra Mundial, Bakary Diallo (Omar Sy) se alista no exército Francês para ficar com seu filho de 17 anos, Thierno (Alassane Diong), que foi recrutado contra sua vontade. Enviados para o fronte, eles se encontram enfrentando a guerra juntos na colônia francesa do Senegal. Enquanto Thierno aprende a se tornar um homem, Bakary fará de tudo para trazê-lo de volta em segurança.

Como muitos sabem existem diversos filmes de guerra e muitos seguem ideias convencionais dentro do gênero envolvendo clichês sobre glória, mas o interessante nessa produção francesa é como se desviam de alguns conceitos ocidentais para elaborar um texto sobre relações familiares dentro de um contexto das batalhas e de como há questões sociais fortes sobre racismo, estrutura militar e colonialismo que são debatidas dentro desse cenário da guerra.

A direção de Mathieu Vadepied sabe muito bem como pontuar esses temas ao trabalhar bem com o Alassane Diong e Omar Sy em uma forte núcleo central que expõe o cenário social dentro da guerra por serem senegaleses, mas também adiciona mais elementos ao desenvolver também as grandes diferenças entre ambos e uma tensão familiar que desenvolve-se e se aprofunda aos poucos na medida que os conflitos aumentam durante a história.

Um detalhe bem interessante também acaba sendo o uso de cores, normalmente filmes dentro desse gênero possuem certo visual já característico como sépia, cinza ou a ausência de cores no geral para trazer o tom de desesperança. Em Herói de Sangue vemos um uso determinadas cores como azul ou verde destacando os rostos do elenco, locações e seus figurinos, mas também inserindo certa dramaticidade nas relações dos personagens na produção.

O filme acaba seguindo várias tendências dos filmes sobre guerra e não chega a reinventar muito no cinema, mas traz um relato emocional filmado de maneira impressionante e contado de forma um tanto diferente ao focar tanto na questão familiar como nesse elementos envolvendo tensões sociais que dão um novo olhar sobre a guerra.

E muito da experiência e da carga emocional do enredo também é entregue graças ao elenco que traz grandes performances, principalmente Omar Sy que demonstra uma emoção e certa complexidade ao redor do seu personagem e seu papel em cuidar de seu filho e confrontar os terrores das batalhas.

Herói de Sangue não é inovador, porém traz um filme visualmente impressionante e repleto de carga emocional que dentro de um cenários de filmes já desgastados ajuda a debater questões pouco comentadas nessas produções.