“O que te torna diferente… É o que te torna o Homem-Aranha”

Homem-Aranha é um dos super-heróis mais icônicos e populares do mundo, já foi vivido por três atores no cinema, possui séries animadas, anos e anos de quadrinhos e os mais variados produtos do nosso dia-a-dia como lancheiras, brinquedos, camisetas e muito mais. Agora a Sony Pictures Animation trouxe para o público uma nova produção baseada no personagem e entrega uma das melhores e mais inovadoras animações dos últimos anos.

Na trama acompanhamos Miles Morales (Shameik Moore), um jovem do Brooklyn que se tornou o Homem-Aranha inspirado no legado do já falecido Peter Parker. A narrativa segue a jornada da puberdade e adolescência de Morales, enquanto precisa lidar com as mudanças pessoais do seu cotidiano e a constante pressão de seu pai (Brian Tyree Henry). Contudo devido à um acidente provocado pelo Rei do Crime (Liev Schreiber), Miles acaba cruzando caminho com o Homem-Aranha clássico (Jake Johnson) de uma realidade paralela, a partir daí diversas outras versões alternativas do herói surgem em Nova York e eles precisarão se unir para impedir o fim de todas as realidades.

Crítica: Homem-Aranha no Aranhaverso

O roteiro de Phil Lord e Rodney Rothman possui três atos muito bem definidos que souberam criar uma jornada envolvente de Miles Morales pelo universo do Homem-Aranha, lembrando à todos nós que a essência do super-herói sempre esteve em sua humanidade e nas profundas escolhas que teve de fazer em sua vida, mas sem nunca perder o espírito jovial e bem-humorado de suas aventuras. Porém, mesmo estabelecendo o foco em Miles, o filme soube valorizar Peter Parker, conseguindo desenvolver um belo texto à respeito de seus receios e mágoas do passado e criando um elo dramático e divertido com o jovem Miles.

Shameik Moore traz um belíssimo trabalho de entonação para Miles Morales, o personagem é cheio de dúvidas, inseguranças e expectativas assim como também é doce, simpático e profundamente carismático, ele é capaz de nos fazer rir na mesma medida que nos emociona.

Jake Johnson também não fica atrás do protagonista, seu Peter Parker é experiente e carismático, mas também possui humor sarcástico e diversas angústias, o que nos permite se relacionar com as suas frustrações e seu cansaço, pois Johnson expõe o reflexo de um homem que não pode lidar bem com o resultado de suas escolhas e que caminha dia após dia sem muitas esperanças.

Mahershala Ali é outro destaque que trabalhou muito bem como Aaron Davis, o tio de Miles, um homem cativante e duvidoso que possui presença fundamental para a formação do protagonista. Os demais personagens tem poucas cenas, mas cada um deles soube ser marcante e deixar sua marca no longa.

Crítica: Homem-Aranha no Aranhaverso

O design da animação mistura variadas técnicas como animação 2D e 3D, além de efeitos em “cel-shading” que emulam o conceito de 2D em personagens tridimensionais e muitos elementos vindos de HQs como caixas de diálogos que nos dão a perfeita sensação de estarmos assistindo uma história em quadrinhos com movimentos.

E para finalizar, nada disso teria sido possível sem a direção segura e criativa do trio formado por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman que souberam colocar toda essa inovação em técnicas para animação, ao mesmo tempo em que entregaram um filme de tirar o fôlego com um ritmo repleto de ação, drama e humor e cheio de subtramas que nunca soam confusas, perdidas ou desconexas do restante da história.

“Homem-Aranha no Aranhaverso” surgiu colocando a Sony Pictures Animation na mesma escala que outras produtoras de renome como Disney, Pixar e Dreamworks e merece não só o Globo de Ouro já conquistado, como também todos os demais prêmios da sua categoria. Para completar ainda temos uma incrível cena pós-créditos que pode trazer algumas pistas do que vem por aí nesse novo universo animado da Sony.

OBS: Existe ainda uma participação especial de Stan Lee no filme que deve emocionar os fãs do bom velhinho da Marvel e uma impactante homenagem ao homem que redefiniu as histórias de super-heróis.


Trailer:

REVER GERAL
Roteiro
10
Direção
10
Dublagem
10
Direção de Arte
10
Direção de Fotografia
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.