“Horns” de Alexandre Aja, que no Brasil recebeu o título de “O Pacto” é uma adapatação da obra literária do filho de Stephen King, Joe Hill e conta a história de Iggy (Daniel Radcliff) que teve sua namorada brutalmente assassinada, a cidade o considera o principal suspeito do crime, para complicar ainda mais a vida do rapaz, Iggy desenvolve um par de chifres e a partir desses “acessórios” começa a ver as coisas de uma forma diferente.
As atuações no geral são bastante genéricas, com exceção de Daniel Radcliff que está muito bem no personagem e me surpreendeu bastante principalmente nas cenas mais dramáticas. A namorada de Iggy interpretada por Juno Temple é boba e esquecível, construída apenas como uma moça perfeitinha e meiga para que o espectador se importe com ela, o que pra mim não funcionou, os outros não devem nem ser mencionados.
O tom inicial do filme é leve, vemos Iggy fugindo de repórteres e clamando inocência a qual seu melhor amigo é único que deposita fé. A primeira metade do filme é intrigante, as pessoas se comportam de maneira estranha (o que não vou explicar o por que aqui, pois acredito que estragaria um pouco da experiência de tentar descobrir o que está acontecendo e a inquietação que tive enquanto assistia), enquanto via à projeção me senti como o protagonista, sem compreender as pessoas, os lugares e tudo o que acontecia, o que me manteve interessada e investida na trama, requisito básico de um bom suspense.
Porém o filme começa a desandar e perder força quando gradualmente passa ao gênero horror, defendo que a retirada e substituição de muitos elementos dessa segunda parte enriqueceriam a trama, o que é curioso visto que Alexandre Aja dirigiu bons horrorfilms como “Espelhos do Medo” e “Viagem Maldita” e este seria um gênero familiar para o diretor.
Apesar dos problemas a partir da cena com as cobras a obra ainda caminhava na direção de um grande clássico do gênero, porém o roteiro colocou o pé no freio e entregou um desfecho hollywoodiano demais, transformando o filme num pipoquinha para ver com os amigos.
“O Pacto” é um filme de poderia ser, poderia ser um filme existencialista que discute a dualidade bem/mal profundamente, poderia ser sobre a embriaguez demoníaca da vingança, poderia ser um bom suspense de investigação, mas infelizmente o filme fantástico e intrigante que vemos no inicio da projeção se desfaz numa trama composta por clichês e supostas reviravoltas que enxergamos vinte minutos antes de acontecerem, o final é romântico e decepcionante engaiolando a obra na caixinha dos filmes esquecíveis.
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