[Crítica] The Imitation Game | O Jogo da Imitação

Em “O jogo da imitação” o cineasta norueguês Morten Tyldum conta a história de Alan Turing, um matemático inglês que foi contratado pela força militar inglesa para trabalhar na Bletchley Park, sua principal função é decifrar um código nazista para colocar ingleses e aliados à frente e vencer a guerra.

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O primeiro ato do filme é um pouco lento, porém ele se estabelece aos poucos através da excelente ambientação cenográfica e – inicialmente – a grande atuação de Benedict Cumberbatch interpretando Alan. O ator desenvolve um trabalho memorável, Alan Turing é um homem brilhante torturado por sua condição homossexual em uma Inglaterra que literalmente condenava essa prática. O título do filme é muito apropriado, considerando que Turing pratica todos os dias a imitação em fingir que não está trabalhando no está, além de ter passado a vida inteira imitando outras pessoas porque não tinha permissão pra ser ele mesmo. Cumberbatch entrega essa contradição de homem vulnerável e forte ao mesmo tempo com muita competência, sua postura e suas expressões faciais denunciam o rosto de um homem que tem poucas oportunidades pra sorrir.

No geral o filme é bastante econômico, o foco é realmente mostrar o trabalho de Alan construindo o primeiro computador do mundo. O cunho dramático do filme é muito bem realizado e concomitantemente com o valor histórico da obra foi o que mais me agradou. A relação entre os personagens é crível e bem estabelecida. Keira Knightley interpreta Joan Clarke – única mulher da mulher da equipe – ela desenvolve uma relação de amizade muito profunda com Turing, os dois deixam de ser apenas parceiros de trabalho e passam a ser confidentes e amigos um do outro, a química entre Knightley e Cumberbatch é absolutamente perfeita.

“O Jogo da Imitação” é um filme que trata de questões polêmicas de forma delicada, em momento algum ele tenta chocar ou dramatizar demais, é conduzido por uma direção competente, composto por um elenco de apoio inspiradíssimo, além de ter um grande valor histórico. Certamente não é filme que agradaria a todos, ao passo que é um filme que deve ser visto por todos, não só por sua grandeza enquanto obra cinematográfica, mas como um documento histórico de um homem que usou seus poderes para o bem, um homem que ajudava um país que o condena, ajudava pessoas que não estavam prontas para aceitar o fato de que um grande herói da guerra e inventor do primeiro computador do mundo era gay.