“Na selva você deve esperar, até um cinco ou um oito alguém tirar.”

Para iniciar os especiais do homenageado do mês, e aproveitando o momento do lançamento de “Jumanji: Bem-vindo à Selva”, trazemos a crítica do clássico de 1996, estrelado por Robin Williams e Kirsten Dunst, com direção de Joe Johnston.

Para quem não se lembra, na história, o jovem Alan Parrish (Robin Williams) desaparece misteriosamente após jogar Jumanji com sua amiga Sarah Whittle (Bonnie Hunt). 26 anos depois, duas crianças ao jogar o velho jogo de tabuleiro libertam Alan e precisam se unir à amiga dele para concluírem o desafio e escaparem vivos de suas armadilhas.

O filme segue um roteiro equilibrado e divertido que usa bem seu tempo e seus personagens para aventura, humor, ação, mistérios e até com algumas nuances de terror em seu clímax, nos levando em uma empolgante montanha-russa de emoções conforme nós nos aprofundamos em Sarah e Alan, que isolados do mundo por 26 anos, precisam unir forças com Judy Shepherd (Kirsten Dunst) e Peter Shepherd (Bradley Pierce), duas jovens crianças que acabaram de descobrir o místico e perigoso universo de Jumanji.

Talvez o único defeito da trama seja usar seus personagens mais jovens apenas para humor e para o ponto de vista infantil, como um artificio para contextualizar com o público, mas acabam deixando a história ser comandada apenas por Alan Parrish e Sarah Whittle.

O lado técnico da produção teve bastante destaque, na direção de arte, por exemplo, basta analisar a maquiagem usada no jovem Peter quando ele assume uma forma peluda e monstruosa em determinada cena, além dos cenários do embate final, quando o jogo Jumanji adentra totalmente dentro da casa e nos vemos diante de um ambiente hostil e selvagem que percorre e destrói toda a estrutura da residência. Há também um bom uso histórico das sequências situadas nos anos 60, mostrando uma casa da alta sociedade refinada e cheia de detalhes, assim como seus figurinos bem caracterizados com os personagens.

A direção de fotografia tem um bom controle de seu público, mergulhando com excelência  em tons de suspense e aventura, escolhendo enquadramentos e ângulos que extraem emoção e adrenalina do espectador, além de privilegiarem as atuações do elenco através de seus closes.

O único defeito é que ao olhar com atenção os efeitos visuais, percebe-se um certo uso exagerado do CGI, o que fez com que certas sequências não envelhecessem tão bem quanto o restante do filme.

O elenco é bem talentoso, começando com Robin Williams e Bonnie Hunt, que tornam impossível não simpatizar com esse casal de amigos carismáticos e problemáticos.

Hunt faz Sarah Whittle, uma mulher que carregou traumas pelo desaparecimento do amigo na infância e apresenta uma forte empatia pelos outros, mesmo quando precisa enfrentar seus medos mais profundos. Já Williams interpreta o icônico Alan Parrish, um homem sobrevivente da selva de Jumanji que traz consigo um ar de inocência digno de uma criança.

Bradley Pierce é funcional em seu papel, mas acaba um tanto prejudicado pela maquiagem. No decorrer da história é Kirsten Dunst que dá o ar da graça e carrega essa dupla juntando ironia e muita simpatia, mostrando desde cedo todo o talento que já possuía.

Outro grande trunfo das atuações está justamente na química do grupo, e nas relações estabelecidas entre Hunt e Williams e Pierce e Dunst. Esses núcleos adicionam camadas e profundidades às suas emoções, uma boa ideia para intensificar os perigos que passarão e também para que nos conectemos com cada um deles.

A direção de Joe Johnston insere aquele estilo de blockbuster que George Lucas e Steven Spielberg tornaram popular nos anos 80 e fizeram das sessões da tarde de 90 tão lendárias, com um bom direcionamento de diversos elementos, como carga dramática, fascínio e medo pela fantasia, além de um tom leve e muita empolgação enquanto não se esquece de desenvolver cada protagonista em meio as confusões vividas na história.

“Jumanji” se tornou um clássico e é idolatrado por muitas pessoas devido ao seu estilo aventuresco, cheio de humor e carisma e que ainda consegue nos levar à caminhar por diversas emoções ao longo do filme, brincando com enigmas e fantasias de uma forma instigante e divertida. Talvez Jumanji não seja a maior aventura da sua época, mas seu valor para o cinema de entretenimento é inegável, logicamente, muito disso não seria possível sem um personagem tão cativante como Alan Parrish conduzindo a aventura. Esse é um filme que vale a pena rever por muitos anos.

REVER GERAL
Roteiro
8
Direção
10
Atuações
9
Direção de Fotografia
8
Direção de Arte
9
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.