Liga da Justiça é um dos filmes de super-herói mais aguardados dos últimos anos, graças ao sucesso e importância que a animação exerceu na vida de muitos jovens e adultos. Dessa forma, a reunião do grupo é algo excitante e que evoca uma série de emoções e principalmente, nostalgia. Felizmente, além desse sentimento saudosista de um público especifico, o longa ainda é um excelente entretenimento e deverá agradar a todos aqueles que buscam uma distração no final de semana.
Em Liga da Justiça somos apresentados a uma nova e grande ameaça que faz com que Bruce Wayne (Ben Affleck) e Diana Prince (Gal Gadot) se unam para recrutar outros heróis e juntos salvarem a humanidade de um perigo eminente.
O roteiro é bem delicado, pois tenta equilibrar comédia, ação, e até mesmo pequenos núcleos dramáticos, algo que em séries funciona muito bem, mas no curto tempo de um longa metragem pode resultar em um filme catastrófico. Aqui não há um visual sombrio como em outros trabalhos de Zack Snyder, tampouco torna-se uma produção de cores vivas e gritantes como vimos recentemente em “Thor: Ragnarok”. A narrativa de “Liga da Justiça” encontra um tom próprio que consegue casar a união dos heróis de personalidades distintas, e um ambiente caótico que encontra-se devastado e desprotegido desde a morte do Superman.
Portanto, a junção de um roteiro bem estruturado e uma direção consistente, alcançam uma boa autonomia no produto final. Há piadas, mas não são exageradas e são introduzidas com um bom timing na grande maioria das cenas. Além disso, o longa conta com diversas referências ao universo da DC e cultura pop em geral, com direito até a uma menção ao mestre, Stephen King.
A união dos heróis é outro momento que exige cuidados, pois Diana e Bruce já possuem seus filmes solos lançados recentemente, e consequentemente estão bastante vivos na cabeça das pessoas, porém Flash, Aquaman e Cyborg são estreantes nessa história, logo há uma demanda clara por uma breve apresentação dessas figuras emblemáticas, mas que precisa ser feita com agilidade para que a trama não fique arrastada e cansativa. Diante desse desafio, o roteiro entrega um primeiro ato muito bem estruturado, apresentando os novos personagens e seus conflitos pessoais, que mesmo sem um grande aprofundamento, são funcionais para iniciar uma ligação com o público.
Mais do que boas apresentações, o texto e a direção conseguem trabalhar a química dos cinco heróis com muita versatilidade, sem que tenham que abrir mão da história principal e da catástrofe que eles precisam impedir. Longe disso, a relação do grupo é desenvolvida diante da tensão das batalhas e dos diversos conflitos que eles enfrentam até o último confronto com o vilão. Também vale ressaltar que todos os membros da equipe possuem destaque, e jamais se reduzem a uma simples participação.
Infelizmente não podemos fazer os mesmos elogios para o vilão, que possui um desenvolvimento inexistente, e suas motivações se limitam aos interesses básicos de dominação e propagação do caos. Até mesmo a própria caracterização da criatura é pouco estimulante e parece um dos inimigos dos Power Rangers dos anos 90.
Dizer que o Superman retorna não é nenhuma novidade, né? Pois é, o herói marca presença no filme, no entanto não é introduzido de uma forma tão grandiosa e marcante como muitos esperam, ao contrario disso, a maneiro como o roteiro escolheu para trazer o herói de volta é pouco instigante e chega a ser bem previsível.
Todo o elenco entrega bons resultados, e por mais que muitos critiquem o Batman do Ben Affleck, o ator está muito confortável em sua interpretação e nos apresenta uma versão madura e ranzinza do herói. Jason Momoa está divertidíssimo como Aquaman, e Ray Fisher também executa um bom trabalho como Cyborg. No entanto, quem rouba a cena é o Flash de Ezra Miller e a talentosa Gal Gadot como Mulher-Maravilha. Ezra parece ter sido uma das melhores escolhas possíveis para esse personagem em questão, o rapaz consegue ser engraçado sem a necessidade de qualquer texto, funcionando como um excelente alivio cômico dentro do time. Já Gal Gadot lida com a necessidade de interpretar uma Diana completamente diferente daquela que enfrentou Ares durante a sua primeira visita ao nosso mundo, a Mulher-Maravilha que lidera a Liga da Justiça é uma mulher completamente díspar, e que após diversas experiências de vida, amadureceu e ganhou uma nova visão de mundo, portanto notamos a atriz com uma postura distinta diante dos conflitos que a cercam, tendo até uma cena na qual a personagem questiona uma perigosa decisão do grupo, algo que antigamente ela jamais teria feito.
A fotografia possui tons azulados durante boa parte da história, com destaque à diversas variações de vermelho na batalha final, deixando o ambiente com um aspecto infernal e digno de uma guerra. Os clássicos momentos em câmera lenta durante as brigas estão bem mais suavizados e são executados de uma maneira instigante e que apenas agregam nas sequências de ação.
Os figurinos merecem um elogio a parte para as vestimentas deslumbrantes de Diana, a personagem realmente se adaptou muito bem nessa nova realidade. No geral, a direção de arte cumpre a sua função com tranquilidade, mas sem muitos destaques, infelizmente, ela e até mesmo a maquiagem são ofuscadas pelo excesso de CGI.
Os efeitos especiais possuem graves problemas no acabamento, mas o que mais prejudica o filme é o exagero na computação gráfica, principalmente quando é aplicada no rosto de dois personagens específicos e os deixa com um aspecto muito estranho e pouco crível.
Zack Snyder mesmo tendo enfrentado diversos problemas pessoais conseguiu entregar ótimos resultados, tanto nas coreografias de ação, como no tom da produção, que como foi mencionado acima, está muito bem equilibrado entre diversos gêneros.
Mesmo com alguns problemas, Liga da Justiça provavelmente irá agradar boa parte dos fãs da animação e também aqueles que buscam um entretenimento descompromissado. É um filme de herói que não inova dentro desse gênero demasiadamente explorado em Hollywood, mas aposta em sua nostalgia e uma estrutura bem equilibrada que consegue envolver o público durantes suas duas horas de duração, que por sinal, passam voando.