“Maligno” (The Prodigy) é o novo terror que chegou aos cinemas na última quinta-feira (14), e seu título original já entrega que a história irá girar em torno de uma criança com inteligência excepcional, afrente de sua idade. No Brasil, o filme foi batizado como “Maligno”, podemos prever que tem algo do mal por aí, né?

Na trama, Miles (Jackson Robert Scott) era uma criança amada e esperada por seus pais, Sarah (Taylor Schilling) e John (Peter Mooney), e desde bebê apresentava um comportamento estranho, começando a falar antes do comum, sempre acompanhado por médicos que diziam que tudo isso poderia ser normal e que ele seria possivelmente uma criança mais inteligente que os demais. Inconformada, Sarah, inicia uma investigação por conta própria para entender o que está acontecendo. Com um crescente terror tomando conta de sua família, ela se vê entre o medo e a razão à medida em que tenta descobrir o que há de errado com seu filho.

Crítica: Maligno (The Prodigy)

Obviamente as atitudes do garoto não fazem com que ela deixe de amá-lo, mas que tipo de pessoa seria seu filho? Porque ele tem certas atitudes? E será que uma criança inocente pode carregar o mal dentro de si? Todas essas questões são pontos chaves do filme, que nos faz viajar entre a razão de poder ser apenas um distúrbio e a possibilidade de tratar-se de uma questão espiritual.

O problema é que o filme não desenvolve muito bem os próprios conflitos que ele cria, sabemos que nascimento e morte são temas complexos, e imagina quando se coloca um serial killer dentro de um corpo de uma criança para propagar o mal ou continuar o que terminou? Para acompanhar este filme você precisa comprar essa ideia e entender que alguns comportamentos desenvolvidos pela criança podem estar ligados a vidas passadas. A explicação pode ser até interessante, mas pouco se sabe desse assassino que habitou no corpo do menino e é preciso que o espectador fique atento para perceber as alternâncias da personalidade de cada um.

Escrito por Jeff Buhler, que esse ano ainda assina uma nova adaptação de “Cemitério Maldito” previsto para abril, ele coloca todos do seu roteiro como vítimas o que nos deixa agonizados, sabendo que o pai sente-se impotente diante da situação, a mãe assumi a linha de frente, mas fica confusa por conta de algumas reações do garoto, que por sua vez, também é mais uma vítima desse conflito.

A história conta com dos facilitadores, a psicóloga Margaret St. James (Brittany Allen) e um médium Arthur Jacobson (Colm Feore) que servem para mastigar todas as explicações para o público. O filme não apela muito para sustos baratos, mas seu diretor, Nicholas McCarthy, também não é ousado o bastante para fugir de filtros e takes padrões. A criança acaba sendo o destaque, pois ela é realmente assustadora e parece ter o mal dentro de si sem nem precisar de efeitos especiais, o que é ótimo.

Podemos dizer que “Maligno” tem os seus méritos por tentar contar uma história que aborda algo tão polêmico como reencarnação, colocando todos como vítimas sem apontar um vilão. O longa ainda traz um conceito de medo que coloca em prova questões morais, a nossa espiritualidade e de que maneira as nossas vidas passadas podem influencias nas atuais, se é que isso é possível.


Trailer: