[Crítica] Maps to the stars | Mapa para as estrelas

“Maps to the stars” ou “Mapa para as estrelas” é o novo filme de David Cronenberg que conta sua história dentro de um cenário hollywoodiano, porém um pouco diferente do que estamos acostumados. Cheio de bizarrices e personagens desprezíveis vemos o lado negro do glamour de Los Angeles.

Maps to the stars Hollywood

O filme conta uma série de pequenas histórias singelamente interligadas, Benji (Evan Bird) interpreta um jovem ator arrogante e deslumbrado com o sucesso, é filho de Sanford um técnico motivacional que ganha dinheiro publicando livros de auto ajuda e Cristina, que passa maior parte de sua vida cuidando da carreira do filho. Agatha (Mia Wasikowska) ex paciente de um sanatório na Flórida onde era tratada por piromania criminosa, chegando em Los Angeles, conhece Jerome (Robert Pattinson) um aspirante a ator e roteirista e vai trabalhar com Havana (Juliane Moore), uma atriz esquecida por Hollywood que assombra-se com alucinações da falecida mãe e disputa interpretá-la no cinema.

O filme não deixa claro a direção que deseja seguir, apenas nos deparamos acompanhando aquelas pessoas vivendo suas vidas, Havana me lembrou bastante a personagem de Norma Desmond em Crepúsculo dos Deuses a atriz oldschool que se encontra perdendo o prazo de validade imposto por Hollywood, Juliane Moore ganhou na categoria de melhor atriz do ano no Festival de Cannes por essa performance e é inegável a entrega da atriz em todas as suas cenas, porém existem mais duas atuações que talvez tenham passado mais despercebidas que considero importante serem lembradas.

A começar por Mia Wasikowska que mais discretamente começa a ganhar a atenção do espectador fazendo-o tentar investiga-la, eu particularmente fiquei curiosa a respeito de sua personagem que é sem dúvida, a mais interessante a ser acompanhada. Evan Bird entregou uma caracterização quem em sua simplicidade talvez tenha sido o personagem mais convincente da trama, o garoto de 13 anos, teve problemas com drogas aos 9, é um babaca e cultiva repulsa de quem o assiste (cá entre nós, tive a leve impressão que o ator fez o estudo de personagem inspirado no astro teen Justin Bieber).

As demais atuações foram mais do mesmo, sem nada espetacular, Robert Pattison me surpreendeu bastante e está muito bem no filme, o que grande problema pra mim é que seu personagem não serve pra nada, se fosse retirado do enredo não faria a menor falta.

A cinematografia e trilha sonora conversam muito bem entre si e com a narrativa, o filme tem muitos momentos mais intimistas recheados de elementos de thriller que alimentados pela trilha deixam o espectador tenso e interessado.

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O que mais me incomodou no filme além da falta de um ritmo mais acelerado desde o inicio foi o fato de todos os personagens serem desprezíveis, o que me sinto incomodada em apontar como aspecto negativo, pois é clara a intenção do filme de mostra-los dessa forma, todavia ainda assim acredito que o fato de o espectador não ter por quem torcer, chorar ou sentir medo prejudica seu comprometimento com a trama. Talvez este seja justamente o ponto central da discussão, a verdadeira Hollywood é desprezível e desinteressante, tudo é maquiado para que as pessoas se interessem, torçam e chorem.

O tema “a vida em Hollywood não é tão glamorosa assim” certamente já foi discutido e mostrado inúmeras vezes no cinema, mas certamente eu nunca vi nenhuma abordagem como essa. Cronenberg assinou seu nome nas decisões artísticas de direção e transformou “Mapa para as estrelas” em um drama/humor negro/thriller/horror, uma experiência interessante, dramática e bizarra. Talvez o jeito peculiar do cineasta e o ritmo lento da projeção incomode no inicio, porém a imersão do espectador naquela Hollywood escondida traz benefícios tanto para o assistido quando para quem o assiste.

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