Quando se trata da bíblia, não há quem não conheça alguma parte da história de Maria Madalena, que foi tida como uma prostituta e alguns outros registros apontam que ela também era apóstola de Jesus Cristo, mas a Igreja Católica só veio reconhecer a sua relevância em 2016, quando o Papa Francisco decidiu que todos deveriam tomar conhecimento da importância dessa mulher na missão de Jesus.

As roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett foram sábias em se inspirarem em um acontecimento tão importante que pudesse apresentar a ótica de uma mulher guerreira em um momento que não poderia ser mais apropriado, já que as lutas pelos direitos das mulheres vem crescendo cada vez mais. As duas escritoras apresentam a percepção de Maria Madalena e o seu papel junto à Jesus, muitos chegaram a dizer que ela teve um relacionamento amoroso com ele, mas nada disso é colocado em pauta aqui, a proposta é fazer uma cinebiografia retratando uma jovem em busca de uma nova maneira de viver.

Crítica: Maria Madalena

Contrariada pelas hierarquias, Maria Madalena (Rooney Mara) desafia sua família tradicional para se juntar a Jesus de Nazaré (Joaquin Phoenix) em uma longa jornada que a faz encontrar um lugar para si mesma dentro de um movimento que a levará para Jerusalém.

No filme temos um elenco comprometido que conta com Rooney Mara no papel principal. A atriz é conhecida por entregar ótimas atuações e aqui ela não faz diferente, a sua Maria é contida, racional, guerreira, e nos apresenta uma das mulheres pioneiras em um papel de liderança. Já Joaquin Phoenix vive Jesus, um líder nato e querido por todos, enquanto Tahar Rahim entrega uma das interpretações mais fiéis de Judas.

No início, Maria Madalena é apresentada como uma moça de família pobre e seus familiares acreditam que ela pode estar possuída por demônios, pois eles tentam lhe arrumar pretendentes mas ela não possui interesse em se casar e acredita que tem uma missão maior a ser cumprida. Com a chegada de Jesus no local, Maria começa a entender a sua verdadeira missão no mundo e decide seguir com ele e seus discípulos retratando todo o período de crucificação até a grande ressurreição, trazendo a vertente de Maria, ou seja, o seu verdadeiro papel diante desses acontecimentos.

A fotografia é semelhante a outras produções de gênero bíblico, sabendo gravar bem o cenário desértico do ambiente, além de contar com um bom uso de marrom e uma iluminação que apresenta uma forte saturação. Já a sua arte está bem fiel ao contexto histórico, com figurinos elaborados e que diferenciam as vestimentas de cada personagem de acordo com suas origens, além é claro, dos cenários bem construídos que nos situam no local de época onde se desenvolve a história.

A produção não toma partido religioso e exerce a função de explicitar a imagem íntegra de Maria Madalena após a verdadeira versão dos fatos, depois de muito tempo, ter sido revelada.

Crítica: Maria Madalena

O filme tem um ponto muito positivo que é contar os relatos de Maria desde a relação com os seus familiares até o surgimento de Jesus. A sua caminhada é um pouco longa e poderíamos ter sido poupados de algumas cenas, mas é importante quando vemos o relacionamento de Maria com os outros apóstolos e finalmente podermos reconhecer a sua importância, já que ela foi a primeira pessoa que viu Jesus ressuscitar e que sua ligação com ele era de dedicação, não de amor e tampouco de submissão, e sim uma relação de cumplicidade e amizade.

Maria Madalena é uma produção relevante para conhecermos quem foi essa mulher que pode ser vista por qualquer pessoa, religiosa ou não. Em alguns momentos o filme acaba sendo um pouco enfadonho, por sua narrativa com características televisivas, no entanto, a relevância da história e as atuações acabam elevando o material.


Trailer: