Moana pode ser considerado atual e clássico ao mesmo tempo, os aclamados diretores da década de 90 John Musker e Ron Clements retomam nesse novo filme retomam a linguagem das suas animações de aventura que os consagraram na época, trazendo um gosto oldschool em uma nova roupagem totalmente moderna redefinindo o papel dos protagonistas feminino e masculino dentro da história.

O roteiro é extremamente elaborado e sintetizado dentro de sua simplicidade, mas o que chama atenção aqui são pequenos detalhes da produção, detalhes que causam enorme diferença no material final. Ao longo da trama vemos a relação mística de Moana com o mar e o amadurecimento dela perante as escolhas que tem que fazer, paralelo a isso somos apresentando ao conturbado passado da vida do semideus Mauí que é de vital importância para o entendermos.

Aqui não existe pausa para as músicas, elas são elemento importante da narrativa e é o que dá muita dinâmica e estilo, e em alguns pontos toma decisões corajosas com cenas musicais inusitadas onde ação continua a acontecer ao lado da canção, mas a inovação não para por aí, há também uma sensibilidade e toque muito original ao trabalhar a amizade de Moana e Mauí nunca caindo dentro do batido par romântico fazendo com que se dê um passo adiante significativo em relação à forma como trabalhar príncipes e princesas de maneira moderna, com uma rivalidade e amizade sendo desenvolvida e aos poucos elevando seus espíritos e moldando suas personalidades. Com um enredo que nos fará rir, chorar e pensar muito sobre perda e remorso, nos fazendo também refletir sobre seguir nossas crenças e sonhos independente da opinião de outros sobre nossas vidas.

O elenco está ótimo com incríveis participações de vários personagens ao longo da animação, mas os maiores destaques ficam para o carisma de Dwayne “The Rock” Johnson que empresta muito de sua personalidade ao personagem confiante e engraçado Mauí, mas com um tom de voz bem diferente da estreante Auli’i Cravalho como a sonhadora e dedicada Moana e Rachel House como a simpática e amável avó Tala. Quanto a performance dos atores e atrizes, todos presentes entregam um trabalho emocional de alto nível e com músicas muito bem interpretadas como “You’re Welcome” e “How Far I’ll Go” que transmitem todo o espírito e emoção que se precisa, além de dar um toque clássico da Disney à aventura, a trilha afinal também impacta por todo o filme em suas canções com direito até algumas cantadas em havaiano mostrando um certo respeito à cultura do universo retratado.

A direção de fotografia é um dos pontos mais altos do longa, não há um só momento em que não fiquemos deslumbrados com técnica, cor e movimento com sequências alucinantes que só podiam sair da mente dos criadores de “Aladdin” (1992) e “Hércules” (1997), a câmera se movimenta de tal forma que temos a sensação de vermos um live-action em diversos momentos, além de trazer momentos grandiosos em seu clímax que irão impressionar muitas crianças e adultos.

Mas suas cores e movimentos de nada adiantariam se não fosse sua tecnologia da animação, Disney que havia nos surpreendido em ação com “Operação Big Hero” (2014) e com inúmeros detalhes em “Frozen” (2013) e “Zootopia” (2016), aqui o estúdio nos surpreende novamente com visuais carismáticos dando charme a seus personagens e paisagens belíssimas, acompanhadas de sequências musicais frenéticas e psicodélicas com uso avançado de cores além de fios de cabelos extremamente reais, fora a construção de cenas épicas durante a ação que fará o público se divertir muito.

A direção de Ron Clements e John Musker traz o que há de melhor em sua filmografia aplicada agora a nova geração de jovens e crianças, em uma aventura cheia de altos e baixos onde acompanhamos os heróis por sua jornada mitológica havaiana enfrentando tempestades, piratas e monstros em uma história muito bem contada, ágil e cheia de carisma.

Moana” se consolida como uma das melhores animações da carreira dos diretores e do estúdio, tornando essa um ícone muito importante para o cinema e um divisor de águas no futuro, um clássico instantâneo que merece ser visto e revisto várias e várias vezes.

REVER GERAL
Roteiro
9
Direção
10
Atuações
10
Direção de Fotografia
10
Direção de Arte
10
Nascido em São Joaquim da Barra interior de São Paulo, sou um escritor, cineasta e autor na Cine Mundo, um cinéfilo fã de Spielberg e Guillermo del Toro, viciado em séries, leitor de quadrinhos/mangás e entusiasta de animações.