Nem só de Robert Downey Jr. e Benedict Cumberbatch vive Sherlock Holmes! Ian McKellen entra na pele do detetive fictício, criado há mais de 100 anos pelo escritor Arthur Conan Doyle, no longa “Mr. Holmes”, dirigido por Bill Condon, e mostra que, além de ser Gandalf e Magneto, pode dar ao público uma nova perspectiva do personagem.
O filme nos leva a um Holmes já idoso, com mais de 90 anos, e aposentado das funções de detetive consultor após um trauma em seu último caso. Flashbacks nos mostram a história por trás de sua aposentadoria, e, simultaneamente, vemos que apesar da idade avançada ele não perdeu sua perspicácia e sua eficiência intuitiva. O velho Holmes vive na companhia de uma governanta (Laura Linney) e seu filho, um garoto que tem certo apego paterno a ele, e tem hábitos e gostos bem parecidos com os do protagonista.
O estilo de narrativa do filme lembra muito o de “A Dama de Ferro”, com Meryl Streep, onde flashbacks acompanham a personagem em sua idade avançada. O que faz “Mr. Holmes” se diferenciar das demais versões de Sherlock Holmes vistas em cinema e tv é que a história tem um tom mais familiar, mais sentimental que as outras. Não dá para se esperar uma grande aventura, com cenas de ação, já que Holmes está doente e demonstra dificuldade em lembrar de muitos detalhes de seu passado, no entanto a estrutura simples, delicada, aliadas a uma pitada do bom e velho sarcasmo britânico e à atuação fantástica de Ian McKellen, conseguem nos fazer esquecer um pouco esta monotonia do roteiro, e nos mostra um Holmes que envelheceu, como qualquer ser humano, e está lidando com o peso da idade.
Falando como uma grande admiradora do personagem, principalmente na literatura, mostrar justamente este lado humano, falho e delicado de Sherlock Holmes, foi uma grande sacada. Me senti mais próxima dele, sabendo que ele passava por uma situação que todos nós poderemos passar um dia: envelhecimento. No entanto, percebi que mesmo envelhecendo a personalidade de Holmes se manteve, e isso foi o que me prendeu ao filme.
“Mr. Holmes” tem suas falhas, mas não impede que seja visto como uma boa obra cinematográfica, com estilo, respeitando o personagem e o simples prazer de ver um grande ator, consagrado por outros personagens, dando vida a um verdadeiro ícone da literatura inglesa, é um motivo digno para fãs da criação de Conan Doyle assistirem.