Baseado nas histórias em quadrinhos de Maitena “Mulheres Alteradas” conta a história de Leandra (Maria Casadevall) que está na crise dos 30: quer casar e ter filhos, mas não tem nem namorado. Sua irmã, Sônia (Monica Iozzi), é casada e tem dois filhos, mas tudo o que quer é uma noite de curtição com sua melhor amiga, Marinati (Alessandra Negrini) – advogada workaholic que foi se apaixonar justo quando sua carreira estava deslanchando. Marinati é chefe de Keka (Deborah Secco), que está ansiosa com a viagem que programou para salvar seu casamento.

O filme foi exibido pela primeira vez na abertura da 22ª edição do Cine PE pela Mostra Hors-Concours, ou seja, apenas para deleite dos expectadores já que o filme estava fora da competição. O material exibido tem relevância a um tema que está sendo muito discutido ultimamente: Qual o espaço que a mulher ocupa na sociedade moderna, aceitação, quebra de padrões e, que não, é não.

Nesta obra, o diretor Luis Pinheiro apresenta o seu primeiro filme com a intrigante personagem Keka (Secco), uma mulher que quer salvar o seu casamento a todo custo e para isso aceita as atitudes machistas e autoritárias de seu marido, apenas para manter a sua família. Já a sua chefe, Marinati (Negrini), é descrente com o amor e acredita que a sua maior paixão é o trabalho, até que conhece alguém e tem a sua rotina completamente modificada.

Sônia (Iozzi) é uma mãe que vive o cotidiano de seus filhos e não tem tempo para si mesma até que propõe a sua irmã Leandra (Casadevall), uma inversão de papeis para que ela possa reavaliar a sua crise dos 30.

A produção apresenta uma direção de fotografia bem elaborada ao se utilizar de visuais diversificados com cores e iluminações de tons de azul, rosa e amarelo, seja nos ambientes familiares das personagens ou em cenas em bares e praias, complementando a narrativa das protagonistas e corroborando para realçar suas personalidades. Já os planos e enquadramentos são comuns e padronizados, mas não comprometem a linguagem e o ritmo da história.

Em sua direção de arte foram explorados cenários estruturados que trabalham um pouco das realidades diferentes de cada umas das mulheres e seus ambientes do cotidiano, além disso desenvolveu-se também boas escolhas de figurinos que auxiliam a trama e a evolução das personagens com vestimentas que dialogam com o espírito de cada protagonista e agregam um certo requinte a obra.

Com uma narrativa descontraída, o longa apresenta mulheres em diversos contextos diferentes e que geram uma fácil identificação com o público, garantindo algumas boas risadas durante a sessão.

A relação de Keka é extremamente abusiva e não importa o que faça, ela não é vista como gostaria, enquanto Marinati mostra a realidade de muita gente que usa o trabalho como fuga da realidade. Já Sônia é o retrato de muitas, mas muitas, mulheres que omitem a sua própria vida para cuidar dos filhos e Leandra é uma mulher que chega aos 30 e se sente cobrada, perdida e busca a tão sonhada estabilidade pessoal e profissional. Ao conhecer essas personagens você pode identificar um amigo nessa história ou ver a si mesmo em tela.

“Mulheres Alteradas” é uma obra que oferece representatividade e um olhar sincero e bem-humorado sobre ao universo feminino, sem se preocupar em levantar bandeiras, mas sim em nos divertir e promover reflexões muito importantes em nossa sociedade atual.


Trailer: