Crítica: Mussum, o Filmis

Cinebiografias é um formato de filme que enfrenta certos problemas atuais, mas se mantém sendo um dos mais lucrativos, divertidos e empolgantes no mercado do cinema brasileiro gerando grandes blockbusters como Tim Maia ou o recente Nosso Sonho, agora chegou aos cinemas Mussum, o Filmis e mesmo lidando com limitações alcança uma história poderosa e divertida que irá tocar o coração do público.

No longa temos a Antônio Carlos Bernardes Gomes e como ele ficou conhecido como o Mussum, dos Trapalhões. A infância pobre, a carreira militar, a relação com a Mangueira e o sucesso com o grupo Originais do Samba, além dos bastidores como integrante dos Trapalhões.

Silvio Guindane dirige intercalando no tempo nos mostrando os lados de Mussum e a força dele dentro da relação que ele tinha com sua mãe, há um tom emotivo bem calcado em um bom melodrama nacional que só nós sabemos como trabalhar bem em tela e expor através das atuações, o filme também se beneficia muito em como brinca de linguagem e cria o seu mundo graças ao trabalho de cores e da arte ao redor de cenários e figurinos.

Claro que esse é um projeto que segue certas regras e lógicas de cinebiografias, mas compensa com afeto, carisma e uma sinceridade tão grande que diferencia de demais produções. Tudo dentro da trama nos faz mergulhar em uma grande experiência visual e sonora que escolhe exaltar a vida de Antônio Carlos, além usar a seu favor seus elementos como música e esquetes que dão o tom certo entre carisma, humor e humanidade do personagem.

O elenco é quem segura qualquer deslize, seja em pequenos momentos de Vanderlei Bernardino e Felipe Rocha como Chico Anysio e Dedé Santana, mas também nas químicas de Aílton Graça e Yuri Marçal com Neusa Borges e Cacau Protásio no desenvolvimento da relação do protagonista com a mãe, os conflitos e parcerias dele com Bigode também são destaque na atuação de Angelo Fernandes e Édio Nunes.

O principal está na performance de Aílton Graça, ele não só encarna os trejeitos clássicos do Mussum na comédia como também na postura com a vida e entrega tudo em drama e humor com uma figura bem energética em tela que é difícil não se relacionar ou se encantar com sua presença.

No fim, essa é uma história que se desenrola bem ao mostrar um homem falho, atrapalhado e repleto de talentos que conquistaram um país inteiro, mas também realça sua graciosidade e malemolência em todos os aspectos de sua vida. Poderíamos apontar que falta um ou outro assunto a ser mais abordado, mas levando em conta a riqueza de sua carreira foi feito algo quase impossível na construção do recorte da jornada dele no longa.

Uma cinebiografia cheia de coração que apela aos gostos das massas e ainda mantém um cuidado forte com arte, humanidade e uma experiência que vale muito uma ida ao cinemas seja pelo espetáculos das músicas ou das performances do elenco.

Mussum, o Filmis merecia ter um alcance muito maior em salas de cinemas do Brasil, uma pena que ainda precisamos confrontar certos problemas que são enfrentados na distribuição de filmes nacionais e mesmo assim ele está conseguindo se tornar o filme brasileiro de maior sucesso de 2023.

Então se você tiver uma oportunidade veja esse filme nos cinemas, será uma experiência “inesquecívis”.