Todos nós vivemos no nosso próprio círculo, não é mesmo? Já imaginou ter que partilhar seu círculo com bilhões de pessoas ou até mesmo com o mundo todo? Seria uma invasão de privacidade ou seria justo e transparente que todas as pessoas tivessem acesso ao que a gente faz?
Dirigido por James Ponsoldt, “O Círculo” levanta as abordagens acima, indagadas pela personagem de Mae (Emma Watson), uma universitária cujo sonho é trabalhar na maior empresa de tecnologia do mundo, O Círculo. A organização foi fundada por Eamon Bailey (Tom Hanks) e o seu principal produto é o SeeChange, uma pequena câmera que permite aos usuários compartilharem detalhes de suas vidas com o mundo todo. Mae vê sua vida mudar completamente quando é contratada pela empresa e a sua função é documentar sua vida em tempo integral. O que ela não imaginava, no entanto, é que toda essa exposição teria um preço, não só para ela, mas também para todos ao seu redor.
O problema da história está em sua condução, pois as perguntas acima são respondidas de forma muito superficial e com resoluções dúbias, deixando claro que o filme não querer se comprometer. O mesmo acontece com a maioria de seus personagens, todos mal desenvolvidos. Por fim até mesmo na tentativa de trazer ritmo e movimento, o longa ainda erra bem feio, possuindo sequências que deveriam ser muito mais empolgantes do que aparentam.
Com um tom certo entre o visual tecnológico e realista que se assemelha muito a “Black Mirror”, a direção de fotografia consegue nos posicionar dentro desse pequeno universo do filme, que em certos momentos usa o contraste entre o tom sombrio do mundo real e os artifícios de efeitos especiais em tons vermelhos para fazer conexão com a empresa na qual Mae passa a maior parte de seu tempo.
Já a sua direção de arte traz elementos medianos, apresentando figurinos que se adequem as personalidades de cada personagem, como Bailey com um visual inspirado em Steve Jobs e a pacata e simples, Mae Holland. Já na construção dos cenários, percebe-se como tentaram elaborar um local que lembrasse a ‘Apple’, com um tom um pouco mais futurista, e boa parte da apresentação desse mundo se dá através desses cenários, afinal a maior parte do longa se desenvolve ali, e nesse ponto há um certo nível de originalidade que merece reconhecimento.
Podemos concluir que “O Círculo” é uma produção que prometeu muitas coisas, mas acabou não cumprindo o desejado, se tornando uma obra vazia e frívola. À exceção de seu elenco, o longa em si também não oferece nada de bom para o público, trata-se de um conceito moderno e científico interessante que poderia ter sido muito mais explorado e aprofundado em uma série de TV.