Na sociedade atual nós nascemos, nos desenvolvemos, e finalmente quando nos aproximamos da vida adulta somos devorados por uma pressão social, e até mesmo interna que cobra constantemente o sucesso, deixando de lado o objetivo mais unanime da vida humana; a felicidade.
O Dia mais feliz da vida de Olli Mäki fala sobre uma luta clássica que marcou a história da Finlândia, onde Olli enfrentaria um gigante do boxe. Com uma série de investimentos e uma nação para defender, tudo parece depender dessa luta, e o filme começa justamente alguns meses antes, durante o preparo do atleta. Acontece que como o próprio nome já sugere, o foco não é a luta propriamente dita, mas sim a concepção de objetivo de vida e a busca por algo que realmente lhe satisfaça.
O roteiro deixa sua filosofia clara no decorrer dos mais simples diálogos em que muitas vezes mencionam a felicidade como consequência dessa vitória na luta. Dentre os personagens principais temos Olli e o seu treinador, de um lado o atleta que pode alcançar o status que todos almejam, do outro um treinador convicto de que essa será a melhor conquista de sua vida. Para provar o contrário o texto enfatiza o quanto Olli está mais feliz fora do treino, enquanto seu tutor parece estar vivendo um pesadelo consequente de sua ganância que chega a afastar até a sua própria família.
A fotografia é outro acerto aqui. Além de alguns planos belíssimos que enriquecem a obra, a linguagem usada remete a experiência de arquivos familiares. É como se tudo tivesse sido documentado na intimidade de cada um dos indivíduos ali retratados e hoje apenas teriam juntado o material. A escolha do preto e branco em toda a obra eleva ainda mais essa atmosfera intimista, e casa-se bem com uma proposta documental, que embora não seja, ainda se trata de uma história real.
O elenco está confortável, principalmente o seu protagonista que tem a difícil missão de transitar e externalizar toda a carga emocional exigida pelo roteiro, oscilando entre as mais diversas manifestações. Tudo isso é eficiente graças ao trabalho da direção que por sinal, também cumpre sua função muito bem, extraindo o melhor do elenco e da equipe técnica.
O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki é um bom filme, faz refletir sobre o caminho que nossas vidas vem tomando e o quanto nós nos cobramos por algo que muitas vezes não almejamos. No entanto o longa ainda não chega a ser tão grandioso para ser digno de uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro.