A animação é inspirada no livro “A História de Ferdinando”, de Munro Leaf e Robert Lawson, que conta uma história situada na Espanha, focada em Ferdinando, um touro gigante com um grande coração e que passou a sua infância na Casa Del Toro, mas não se sentia parte do local e nem tinha afinidade com os seus amigos touros, pois eles acreditavam que estavam todos destinados a tornarem-se campeões em rodeios. Até que um dia, ainda bezerro, ele resolve fugir, após perder seu pai. Em meio à sua fuga, o animal acaba encontrando uma morada que o deixa satisfeito por poder ser aceito e acolhido do jeito que é.

Durante o desenvolvimento do filme, descobrimos que uma das paixões do dócil touro, são flores e coincidentemente a Nina – garota que passa a criá-lo – também gosta de flores, e dessa forma, acabam se dando muito bem, crescendo juntos e criando uma forte relação de amizade. Na fazenda em que Ferdinando passa a morar, também habita um cachorro chamado Paco, que apesar de ser apático, o touro o considera como um irmão.

Conforme o tempo passa, Ferdinando começa a crescer e se vê em uma situação na qual Nina não pode o levar a todos os lugares como antes, inclusive no Festival das Flores, onde costumavam ir juntos. O touro, entretanto, não se conforma em não ir, e decide seguir a sua amiga, causando um verdadeiro caos no local e sendo confundido com outro touro, terminando capturado e enviado para a sua antiga casa, mas as regras mudaram na “Casa Del Toro”, pois agora, caso o animal não seja bom de briga, ele poderá acabar virando churrasco.

Nesse ponto temos um dos trunfos da animação, pois é aqui que se desenvolve uma bonita mensagem que o filme entrega tanto para as crianças, como para os adultos, afinal quando Ferdinando mergulha nessa nova realidade ele passa seu tempo tentando ajudar as pessoas e os seus antigos companheiros de convívio a terem um destino melhor em suas vidas.

Durante a aventura de retorno, Ferdinando, ainda conhece a cabra Lupe, uma das  personagens mais interessante da história e o primeiro trabalho da atriz Thalita Carauta como dubladora, que acaba se saindo muito bem. A voz da garotinha Nina é da Maisa e do cavalo Hans é do Otaviano Costa, no quesito dublagem podemos dizer que o filme se sai muito bem.

Um ponto sempre importante em produções desse tipo é o seu visual, no entanto aqui a direção de arte não trouxe nada que fugisse do tradicional no que diz respeito a animações. A maioria dos personagens apresenta olhos grandes e expressivos para expor e captar emoções com mais facilidade e sempre compostos por um corpo magro sem muita diversidade de criaturas animadas. Ainda no âmbito da arte, temos seus cenários, usando locais como fazendas, pastos e ambientes da natureza com cores vibrantes e impactantes, mas que não saem do convencional.

A direção de fotografia passa longe da inovação, qualquer movimento ou enquadramento usado para o ritmo e desenvolvimento do longa já foi visto em muitos outros filmes do gênero. Apesar de funcional, sua estrutura reflete a ausência de criatividade em sua composição artística, características quase sempre essenciais para construção de uma grande produção animada.

A história conta com personagens comuns e pouco carismáticos, os mais fofinhos são os ouriços-terrestre (Una, Dos e Quatro), e os outros touros; Guapo, Magrão, Angus e Valete. Por fim, “O Touro Ferdinando” parece ter uma duração maior do que o necessário, carece de um hit musical para embalar a trama, e apesar de ter uma mensagem positiva, a impressão que fica é de já termos assistido essa aventura protagonizada por outro animal, um pato, o patinho feio.