[Crítica] The One I Love

O filme de Charlie McDowell faz uma mescla de drama, suspense, ficção científica e alguns momentos de comédia, o resultado é uma obra absolutamente bizarra que deixa seus espectadores ansiosos para uma roda de conversa – especialmente para casais.

“The One I Love” de 2014 é um filme independente que conta a história de Ethan e Sophie, um casal que passa por problemas no casamento e está em terapia. Seu terapeuta prescreve que os dois devem passar um final de semana numa casa afastada da cidade e o resto do filme se estende por lá, porém nessa casa algumas coisas bem esquisitas começam a acontecer.

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Apesar da influência de tantos gêneros, “The One I Love” é majoritariamente um filme simples, fundamentado em poucos personagens e um roteiro consistente. Os diálogos são muito agradáveis de serem acompanhados e tudo na relação entre os dois é crível – apesar das bizarrices que posteriormente irão surgir. Elisabeth Moss e Mark Duplass entregam atuações esplendorosas, nos primeiros cinco minutos de filme já me vi engajada nos problemas daquele casal, e a trama exige muita versatilidade de ambos – algo que foi conquistado com sucesso.

A trilha sonora é minimalista e funcional, aparece apenas quando é absolutamente necessário, especialmente nas cenas mais densas. A fotografia é majoritariamente clara e ampla, exatamente oferecendo possibilidades e discussões, pois esse é filme que não acaba quando termina.

Há alguns detalhes que podem incomodar algumas pessoas – o que não aconteceu comigo – como o fato do filme não se fechar num grande ato final que explica tudo o que aconteceu e também a falta de preocupação com explicações cientificas plausíveis para o que acontece na casa. Na minha perspectiva o filme perderia no quesito debate se esses dois pontos tivesse sido colocados, portanto acredito que Charlie McDowell acertou em entregar o suficiente. A proposta permanece ser a de discutir relações e transformações.

“The One I Love” é uma experiência única, que deixa algumas questões levantadas por propósito ou por descuido, mas que independente da intenção favorecem um bom diálogo – e talvez algumas brigas – entre os casais que decidirem embarcar nessa ideia maluca. Seu público alvo certamente se concentra nessa gama de relacionamentos, o que não impede, claro, de qualquer pessoa fazer parte dessa história e refletir sobre o amor, relações, erros, e principalmente escolhas.

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