Uma das mais famosas franquias da atualidade chega agora em seu terceiro filme, “Planeta dos Macacos: A Guerra”, fecha a trilogia da jornada de César com chave de ouro, e se consolida na história do cinema como um dos melhores reboots já feitos.
Nesse terceiro filme acompanhamos as consequências do conflito iniciado pelo macaco Koba no longa anterior. Agora os humanos saudáveis estão sendo liderados por militares que pretendem fazer de tudo pela sobrevivência da espécie, inclusive escravizar macacos e sacrificar os humanos doentes. Após relutar, César (Andy Serkis) acaba aceitando as circunstâncias e se prepara para um confronto definitivo.
Mesmo que o título promova a ideia de um filme de guerra, esse definitivamente não é o caso desse terceiro longa, que por sinal conta com menos ação que o seu antecessor. Com o desfecho da trilogia se iniciando, o que acompanhamos aqui é um incrível desenvolvimento de personagens, tecido sobre uma história crível e um roteiro bem elaborado.
Aqui encontramos César lutando por seus ideais e pelos macacos, enquanto um Coronel (Woody Harrelson) do exército defende os humanos e tenta evitar a erradicação da espécie. O destaque é justamente na construção desses dois personagens, que em momento algum vestem a carcaça de vilão ou mocinho, sendo apenas fiéis aos seus princípios e ideais. Portanto temos um Coronel frio e decidido, mas que em determinados momentos comprova a sua sensibilidade e seu ponto de vista sobre a situação, assim como César faz, sendo essa uma das melhores cenas do filme. Tudo funciona graças ao excelente trabalho de Andy Serkis e Woody Harrelson, que estão totalmente imersos em seus personagens, nos promovendo uma história realista, e de certo modo, assustadora, visto que as circunstâncias do conflito são muito maiores do que os dois lideres envolvidos.
No entanto não é apenas essa briga entre as espécies que preenche as mais de duas horas de filme, pois os personagens de apoio estão muito bem situados, trazendo carisma e um toque de humor para a trama. O destaque maior fica para Steve Zahn, que interpreta um macaco que foi criado em um Zoológico da região e tem vivido sozinho desde o inicio da catástrofe mundial, sendo assim ele protagoniza diversos momentos hilários graças as diferenças culturais entre ele e o grupo de César.
A fotografia ganha uma paleta de cores que favorece o clima frio no qual a história ocorre, portanto prepare-se para diversos contrastes entre o branco da neve e o sombrio do universo pós apocalíptico, um trabalho exímio que resulta em um ambiente nada amistoso, recheado pelos sentimentos profundos e conflitos internos dos personagens. O uso do contra-plongée é um dos recursos de destaque fortalecido pelas telas Imax, pois há ao menos duas grandes cenas nas quais a técnica é aplicada com total perfeição, levando o público ao ápice da tensão.
Infelizmente, tanto a fotografia quanto o roteiro e até a própria direção de Matt Reeves cometem excessos no terceiro ato. Por mais que durante o desenvolvimento da história tenha ficado claro as intenções do Coronel e as necessidades de César, ainda percebemos um apelo dramático exagerado pelo sofrimento dos animais durante o combate, portanto diversos clichês como close up e até mesmo slow motion marcam presença durante o desfecho.
A direção de arte é impecável e mantém a estética que tem sido construída desde o primeiro filme em 2011, com um desenvolvimento gradual evidenciando a degradação da sociedade e a ascensão dos macacos.
Como mencionado mais acima, Matt Reeves comete alguns excessos na carga dramática apresentada no terceiro ato, mas nada disso diminui a grandiosidade de seu trabalho executado aqui. O diretor, que também comandou o longa anterior, está ainda mais maduro diante de sua linguagem trazida para o filme, com cenas de extrema tensão muito bem executadas e que conseguem extrair o melhor de todos os profissionais envolvidos, principalmente os atores, que travam diálogos intensos e dolorosos ao longo dessa narrativa que encerra a trilogia com maestria.
“Planeta dos Macacos: A Guerra” finaliza a jornada de César com uma história dramática, envolvente, e que não só expõe as consequências de nossa ganância, como também ressalta o quão próximo nós somos dos outros animais.