Os fãs de Santa Clarita Diet podem se animar, pois a série retornou ainda mais estranha, impressionante e engraçada, nos contando o dia-a-dia de uma família que tem que aprender a lidar com o apetite por carne humana da mãe Sheila, vivida por Drew Barrymore.
O roteiro da nova temporada está muito mais ágil e cínico, seja por seus diálogos mais afiados e inspirados ou pela progressão do desenvolvimento das relações entre os personagens e a expansão de sua mitologia de “filme B”.
Após conseguirem amenizar os efeitos “selvagens” da contaminação, Sheila Hammond (Drew Barrymore) retoma sua rotina junto com seu marido Joel (Timothy Olyphant), sua filha Abby (Liv Hewson) e o vizinho Eric (Skyler Gisondo), que se adaptam ao novo estilo de vida enquanto procuram uma cura.
Com seu estado de decomposição piorando cada vez mais, a família Hammond ainda precisa lidar com o número preocupante de desaparecidos, uma investigação policial e é claro, lutar pelo relacionamento deles.
*Avisamos que a crítica pode conter certos spoilers, devido ao retorno de alguns personagens que vamos elucidar no texto.*
Era de se esperar que lidando com um tema que está um tanto saturado, a série poderia estagnar e acabar envolvida em repetições de piadas, contudo, o roteiro inteligente e sagaz esbanja ainda mais criatividade e dinamismo do que em sua temporada anterior.
Os diálogos estão extremamente bem montados e mostram a evolução de Joel e Sheila como um casal que lida com os problemas familiares e com os assassinatos cometidos na temporada anterior, questões que em outras mãos poderiam ter sido banalizados ou deixados em segundo plano, mas aqui tornou-se a alma da série.
Eric que já havia roubado a cena no ano anterior, aqui teve muito mais espaço com seu elo com Abby sendo muito bem explorado, além da parceria com Joel e seu forte afeto pela família Hammond, dando mais camadas para subtramas e gerando reviravoltas e evoluções para todos os personagens. Ademais, esse ano traz algumas respostas sobre a mitologia e a origem da condição de Sheila, que brinca bastante com a possibilidade um futuro apocalipse envolvendo antigas lendas e caçadores de “zumbis”.
Quanto ao elenco eles estão ótimos com nomes como: Drew Barrymore, Timothy Oliphant, Liv Hewson, Skyler Gisondo, Nathan Fillion, Natalie Moraes, entre outros.
Mais uma vez tivemos incríveis performances de Timothy Oliphant como o atrapalhado e divertido Joel, sempre demonstrando carinho por sua esposa e aquele seu característico pessimismo disfarçado de otimismo, sendo que agora ele aparenta estar ainda mais à vontade em seu papel (a cena de Joel dançando tango é uma das melhores da série). Já Drew Barrymore busca ser uma nova “Sheila”, vivendo mais intensamente e ouvindo os desejos do seu coração, ao tempo em que lida com as necessidades diárias de uma morta viva consciente, enfrentado diversos obstáculos com o deterioramento de seu corpo.
Ambos mantém a boa parceria, solucionando desde problemas no emprego até casos misteriosos de pessoas desaparecidas de forma fofa e sendo respeitosos um com o outro. Muito do sucesso da série, está na forte química dos atores, pois suas interpretações complementam o roteiro hilário e inteligente de uma maneira impressionante. Se existe um prêmio para melhor casal em série de TV, Joel e Sheila já ganharam.
Liv Hewson como Abby está ainda mais interessante, a filha rebelde e esperta tem suas vontades e desejos sendo bem trabalhados, além de contar com um certo afeto por Eric, mesmo que sempre tente esconder isso dele. Já Eric, vivido por Syler Gisondo, ganhou mais espaço e se desenvolve bem como o nerd metido a cientista que está sempre disponível para o que der e vier, sempre ao lado da família Hammond. Os dois também esbanjam uma ótima química, tornando esse quarteto formado pelos dois casais em um grande motor que impulsiona a série.
Agora, quem acabou se tornando uma grata surpresa foi Nathan Fillion como Gary West, que na temporada anterior foi a primeira vítima de Sheila, mas aqui ressurge como uma canastrona cabeça zumbi sarcástica e que aos poucos desenvolve uma forte relação com a família, tornando-se um bizarro mascote de Joel e Sheila em um dos papéis mais engraçados da carreira do ator.
A série mantém a boa mistura de tons da direção de fotografia, equilibrando ângulos diferentes e criativos enquanto em outros momentos aposta na estética de sitcom. Quanto às cores, ainda temos a forte analogia com o visual de “família americana feliz”, com cores vivas que em certas cenas ganham camadas mais sombrias de terror.
Em relação a direção de arte, não há muitas mudanças, mantendo-se o tom de classe alta de Los Angeles com cenários luxuosos e requintados dessa elite da sociedade, ao mesmo tempo em que também temos bons figurinos adequados aos seus personagens dando-lhes uma dose de personalidade. Ainda assim, o que continua se destacando são os ótimos efeitos “gore”, com tripas, sangue e muita escatologia sendo retratada com primor, resultando em uma experiência nojenta e hilárias para os fãs.
A direção também mantém a qualidade do primeiro ano, o estilo e o ritmo singular que a produção possui continua sendo muito bem direcionado com humor, drama e mitologia de mortos-vivos sendo bem equilibrados e tornando a série empolgante e perfeita para maratonar.
Santa Clarita Diet retornou com muito mais tripas, afeto familiar e reviravoltas, explorando novos caminhos, mas sem perder a criatividade e inteligência da série, indo muito além das expectativas e alcançando todo o seu potencial com um excelente desenvolvimento de personagens, evolução da mitologia e muitas bizarrices dignas do gênero.
Não perca tempo e vá logo devorar essa temporada imperdível!
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=FcCq4A27gBU